Brasília, 11/12/2024 – O Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa básica de juros, Selic, em 100 pontos-base na noite desta quarta-feira, a 12,25%, de forma unânime e em linha com consenso formado nas últimas horas, informando antever ajuste de mesmo nível nos próximos dois encontros, o que surpreendeu positivamente o mercado pelo tom visto como duro no combate à desancoragem das expectativas de inflação.
“Diante de um cenário mais adverso para a convergência de inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, informou o colegiado, em comunicado há pouco.
Foi a última decisão de juros com o Copom sendo liderado pelo atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. A partir de janeiro de 2025, o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, assumirá o posto de presidente do BC.
De acordo com o Copom, o cenário recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções, dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto, o que exige uma política monetária “ainda mais contracionista”.
A decisão desta noite foi unânime. O colegiado também disse acompanhar com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. “A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços dos ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa e câmbio”, complementou o colegiado.
Ao descrever seu balanço de risco, que seguiu com estrutura assimétrica altista, o comitê avaliou que o cenário se mostra menos incerto e mais adverso ante novembro, em função da materialização dos riscos.
Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e expectativas de inflação, destacam-se uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado, maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo, e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impactam inflacionário, como um câmbio persistentemente mais depreciado.
Entre os riscos de baixa, o Copom citou uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e impactos de aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
O Copom também elevou a projeção para o IPCA ao fim de 2024 a 4,9%, ante 4,6% estimados em novembro. Em 2025, a estimativa avançou 4,5%, ante 4,2%. Já para o segundo trimestre de 2026 – horizonte relevante da autoridade monetária – a estimativa avançou a 4,0%, ante 3,6%.
Já as estimativas da inflação de preços administrados recuaram a 4,6% ao fim deste ano, ante 4,9% estimados em novembro. Para 2025, a inflação de administrados avançou a 4,5%, ante 4,2%. Já para o segundo trimestre de 2026, foi a 4,6%, ante 4,3%.
O Copom segue avaliando que o cenário externo “permanece desafiador”, oriundo, principalmente, da conjuntura econômica dos Estados Unidos, suscitando “maiores dúvidas sobre ritmos da desaceleração, desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Federal Reserve.” Na visão do colegiado, o cenário externo segue exigindo “cautela por parte de países emergentes”.