São Paulo, 30/08/2024 – As contas de luz podem ter um peso adicional entre setembro e o fim do ano, com acionamento das chamadas bandeiras tarifárias, em cenário que se confirmado colocaria pressão adicional sobre o cumprimento da meta de inflação, disseram especialistas à Mover.
Atualmente, projeções para o IPCA levam em conta bandeira amarela em setembro e outubro, voltando para o verde em novembro e dezembro, de acordo com números de LCA Consultoria e Fundação Getulio Vargas (FGV). Mas consultorias do setor de energia já trabalham com cenário mais pessimista, de bandeira vermelha em outubro, e com retorno à amarela, e não verde, em novembro e dezembro.
Ontem, em evento da CNN Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, citou “preços de eletricidade, com as bandeiras tarifárias”, como fator de atenção para a meta de inflação deste ano. As projeções de IPCA hoje estão em 4,25%, segundo boletim Focus, ante teto da meta de 4,5% para 2024.
A Esfera Energia, da Auren, tem cenário-base de bandeira amarela em setembro, mas com riscos de vermelha; vermelha em outubro, com chances de vermelha nível 2, patamar mais caro. Em novembro e dezembro, a previsão é patamar amarelo. A Thymos Energia hoje vê bandeira amarela em setembro, vermelha em outubro, e amarela de novo em novembro e dezembro.
“Um dos riscos para o IPCA de 2024, avalio, seria o encerramento em dezembro em bandeira amarela (que tem uma chance nada desprezível)”, disse à Mover o economista Fábio Romão, da LCA Consultoria. “Se fechar o ano em vermelha 1, nosso IPCA iria de 4,36% para 4,52%. Se fechar o ano em vermelha 2, nosso IPCA sairia de 4,36% para 4,68%”, afirmou.
“Claro, há uma possibilidade, sim, de a gente ter encarecimento temporário das bandeiras tarifárias, com influência destacada na inflação. Pega o Brasil todo. E energia pesa mais ou menos 3% no IPCA, para cada 1% de aumento, tem impacto de 0,03pp. Essa questão da energia pode fazer, sim, com que esse índice se aproxime mais do teto da meta do que imaginamos”, disse o economista da FGV, André Braz.
As bandeiras tarifárias são acionadas após cálculos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre oferta de energia, incluindo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Desde maio, as chuvas na região das usinas hídricas estão abaixo de 60% da média histórica no Sudeste, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), elevando riscos de bandeira na conta de luz.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)