CMN muda sistema de meta da inflação sob pressão do PT

Faria Lima Journal (FLJ) antecipou movimentação em maio

Agência Brasil
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Por Erick Matheus Nery, com informações da Mover — atualizado às 19h09

Sob pressão do Partido dos Trabalhadores (PT), exercida ferozmente por seis meses seguidos, o Conselho Monetário Nacional (CMN) mudou o sistema de metas da inflação exercido pelo Banco Central (BC). A partir de 2025, o sistema será o que petistas e fatias do setor produtiva desejavam. Será abolido o sistema atual, que obriga o BC a cumprir as metas em anos gregorianos, com meses definidos. Agora o regime será de meta contínua. Com a mudança, o BC também passa a perseguir a meta no prazo de dois, não mais um ano. Em resumo, o BC terá mais prazo para cumprir sua função, não podendo usar mais o argumento do “tempo exíguo” para manter os juros em patamares elevados.

A mudança foi antecipada pelo Faria Lima Journal (FLJ) no começo de maio, quando as pressões e até ofensas vindas do presidente Lula, de ministros e parlamentares petistas contra Roberto Campos Neto acumularam seu ápice. O novo sistema passa a vigorar a partir de 2025. Não ficou claro como será a frequência da comunicação do BC com o ministro da Fazenda no novo modelo.

O argumento usado por Haddad foi o de que a inflação pode ser influenciada por fatores sazonais, como as variações nos preços de alimentos e combustíveis, que podem não estar alinhados com o ano calendário.

A ideia foi sugerida a Haddad pelo economista Armínio Fraga, apurou o FLJ. Autor do primeiro sistema de metas de inflação do Brasil, Armínio argumentou que apenas Turquia, Tailândia e o Brasil aplicam regimes de metas anuais, um sistema, segundo ele, defasado.

Embora técnicos do BC divirjam do argumento do governo, por acreditarem que a inflação atual não tenha origem sazonal, mas forte componente fiscal, pode-se argumentar que a mudança resolveria até o problema do presidente do BC, que ainda não atingiu o centro da meta desde que assumiu, em fevereiro de 2019.

O novo sistema de metas de inflação com referência móvel faz com que a meta seja definida para um período móvel de 24 meses, em vez de um ano-calendário. Isso permitiria que a meta fosse ajustada de forma mais flexível, levando em conta as variações sazonais e outras mudanças na economia.

A meta de inflação é um sistema em que o Banco Central estabelece uma meta para a inflação e utiliza instrumentos de política monetária para alcançá-la. Atualmente, a meta é definida em termos de variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o ano-calendário.