Brasil tem deflação de 0,08% em junho

Mercado começa a fazer as apostas para o corte de juros

Pixabay
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Por Bruno Andrade

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,08% em junho, mostram dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (11).

O número ficou levemente acima da expetativa do mercado, segundo o TC consenso, que esperava uma deflação de 0,10%.

Os principais destaques para essa deflação em junho ficaram com Alimentos e Bebidas, que teve uma variação negativa de -0,66%, e abrindo o item, o grande destaque foi alimentos domicilio, que variou -1,07% em junho, com destaque para as frutas que teve uma queda de -3,4%. Transportes também foi o grande destaque, com o preço dos veículos novos caindo -2,8%.

Outro grande destaque foi a média dos núcleos, que caiu para 0,2% bem abaixo da média histórica que fica por volta da casa dos 0,4-0,5%. Por fim, o difusor que mede quantos itens aumentaram de preço ao longo do mês de junho, caiu de 55% em maio, para 49,32% em junho, uma queda bem relevante.

O TC Consenso registrou também uma redução das estimativas para o IPCA em 2023 e 2024, em comparação com a pesquisa feita no mês passado. Para esse ano, as projeções foram de 5,53% para 4,85%; para 2024, passaram de 4,20% para 3,90%.

Segundo Andre Fernandes, head de renda variável da A7 Capital, boa parte da pressão de baixa desse IPCA foi em relação ao programa do governo para adquirir carro novo, o que acabou pressionando bem o IPCA.

“Como o programa se encerrou, essa tendência não deve se manter, vale destacar também que na variação anual, ano passado teve 3 meses de deflação que ainda está na conta dos últimos 12 meses, que foram os meses de Julho, Agosto e Setembro. Conforme passar esses meses, a variação anual tende a voltar a subir”, disse.

O IPCA é o principal indicador de inflação utilizado pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros da economia, a Selic. Com o índice apresentando deflação, analistas comentam que o indicador deve pressionar o Comitê de Política Monetária (Copom) a reduzir os juros já na próxima reunião de agosto.

“Existe uma parcela pequena do mercado que acredita que a Selic só vai começar a cair em setembro, mas, na minha avaliação e na de outros economistas, já está dado que será em agosto. Porém, o tamanho do corte é mais nebuloso no momento”, afirma o economista-chefe da Órama, Alexandre Espírito Santo. “Acredito que o BC reduzirá 25 pontos-base em um primeiro momento para, depois, intensificar os cortes em 50 pbs.”

Já Andréa Angelo, economista da Warren Rena, comenta que o fato do número vir pior que o esperado pode reforçar a tese da ala mais conservadora do Copom, mas ainda assim, a expectativa é de que o corte de juros aconteça em agosto.

“Avaliamos que isso pode reforçar os argumentos da ala mais cautelosa do Copom, na linha de um ajuste inicial de -25 bps na reunião de agosto”, explicou Ângelo.

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC ocorrerá nos dias 1 e 2 de agosto.

(Atualizada às 11h58)