São Paulo, 06/02/2025 – O Brasil pode enfrentar uma “recessão técnica” em 2025, mesmo com um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) esperado no ano, disse hoje o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, em publicação nas redes sociais.
O Bradesco atualmente tem projeção de avanço de 1,98% do PIB neste ano. No primeiro trimestre, o banco vê o PIB expandindo 1,2%, com crescimento de 0,6% no segundo tri. Entre junho e agosto, haveria contração de 0,3%, e entre outubro e dezembro retração de 0,2%.
“Dá para ver que, no segundo semestre, estamos enxergando dois trimestres negativos, que é o que caracteriza uma recessão técnica. Esses números, quando adicionados ao nível do PIB, produzem um crescimento médio de 1,9%. Portanto, não há inconsistência entre recessão técnica e PIB positivo”, explicou Honorato, no Linkedin.
Segundo o economista do Bradesco, “em 2025 não deve haver o impulso fiscal e do crédito que fizeram o PIB superar as projeções nos últimos anos, e o crescimento global tampouco deve ajudar. Além disso, a expectativa do banco é que o Banco Central leve a Selic a 15,25%, pressionando a economia.
Além do Bradesco, a gestora Kinea, do Itaú, também avalia que a economia brasileira possivelmente irá entrar em recessão no 2º semestre, enquanto a Adam Capital antevê “recessão leve” no mesmo período, com crescimento de 2% no ano, cenário similar ao do Bradesco.
Essa avaliação sobre os riscos de recessão técnica, no entanto, ainda não é um consenso. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em ata da última reunião, citou sinais incipientes de desaceleração, mas disse não ver nenhuma indicação de recessão.
CONCEITO DE RECESSÃO
Embora a métrica de dois trimestres negativos seja amplamente usada para definir uma “recessão técnica”, Barbosa, do Bradesco, alertou que isso nem sempre reflete uma crise profunda.
“A rigor, o conceito de recessão técnica é pobre, pois o PIB pode cair enquanto outros indicadores, como o mercado de trabalho, seguem fortes”, ponderou. No Brasil, a datação oficial de recessões cabe ao Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), que analisa o comportamento da economia de forma mais abrangente.
Apesar do cenário desafiador, o cálculo do PIB anual segue influenciado pela safra agrícola, que deve ser recorde em 2024, impactando positivamente os primeiros meses de 2025. Esse fator ajuda a explicar como o Brasil pode registrar crescimento no ano mesmo atravessando uma recessão técnica no segundo semestre, explicou Honorato.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)