São Paulo, 13/2/2024 – Os dados econômicos mais recentes têm mostrado deterioração da economia brasileira, avaliaram analistas do UBS-BB em relatório nesta quinta-feira, passando a projetar crescimento do Produto Interno Bruto de “apenas 1,3%” em 2025, significativamente abaixo do consenso de mercado, de 2,0%.
“Uma combinação de fraqueza nos principais ‘drivers’ de crescimento, indicadores econômicos em deterioração e inflação persistente, sugerem que o Brasil está caminhando para estagflação em 2025-26”, escreveu time do UBS-BB, formado pelos economistas Alexandre de Azara, Rodrigo Martins e Fabio Ramos.
“Esperamos que os fatores econômicos-chave que apoiaram a expansão em 2024, como estímulos fiscais e atividade de investimento, devem enfraquecer ou ficar ausentes em 2025, contribuindo para a desaceleração econômica antecipada por nós”, acrescentaram.
Na visão do time do UBS-BB a inflação deve seguir elevada ao longo de 2025, acima do teto da meta perseguido pelo Banco Central, que só terá espaço para voltar a cortar juros em 2026, isso se não vierem más notícias do lado fiscal, segundo os analistas.
As projeções vêm após o Bradesco ter alertado sobre riscos de ´recessão técnica´ em 2025, com dois trimestres seguidos de PIB negativo, embora a projeção do banco para o PIB do ano completo seja de alta de 1,9%, mais otimista que o UBS-BB.
DADOS PIORAM
Do lado da atividade, dados econômicos de novembro e dezembro de 2024, incluindo vendas no varejo, produção industrial e desempenho do setor de serviços, ficaram todos abaixo do esperado, sinalizando uma desaceleração mais ampla da economia.
Além disso, indicadores de sentimento para janeiro de 2025 mostram declínio generalizado na confiança em vários setores, com leituras caindo abaixo do nível de neutralidade (100), o que reforça preocupações com a fraqueza da economia, destacou o UBS-BB.
Para 2025, a maior parte do mercado espera que a economia comece já com um carrego estatístico de 1,25%, assumindo um PIB do quatro trimestre de 2024 de 0,6%, mas o UBS-BB vê expansão de apenas 0,2% no 4T24, resultando em um “carryover” de somente 0,8% para o primeiro trimestre deste ano.
O UBS-BB alerta, no entanto, que há o desenho de um cenário de estagnação, com crescimento baixo, embora não de recessão, o que deverá fazer com que o enfraquecimento da economia não seja razão suficiente para permitir ao Comitê de Política Monetária (Copom) antecipar cortes de juros ainda para este ano.
Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o nível dos juros, e disse ter “certeza” de que o novo presidente do Banco Central, indicado por ele, Gabriel Galípolo, conseguirá “consertar” a taxa Selic. “Só temos que dar a ele (Galípolo) o tempo necessário para fazer as coisas. É preciso que vá com cuidado para que a gente não dê uma trombada”, afirmou, em entrevista a uma rádio do Amapá.