Por: Juliana Machado e Leandro Tavares
O “esmorecimento” do esforço nas reformas estruturais do Brasil e na disciplina fiscal têm potencial para elevar a taxa de juros neutra da economia e gerar impactos no processo de desinflação no país, mas o ritmo de cortes de 50 pontos-base na Selic continua sendo apropriado para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), segundo a ata do último encontro do grupo, divulgada nesta terça-feira.
“O Comitê vinha avaliando que a incerteza fiscal se detinha sobre a execução das metas que haviam sido apresentadas, mas nota que, no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco”, diz trecho do comunicado.
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, prossegue.
Ainda segundo a publicação, o cenário externo está mais volátil e adverso, com “múltiplos mecanismos de transmissão” da economia internacional para a doméstica. Um membro do grupo chegou a avaliar o cenário externo como capaz de introduzir um “viés assimétrico altista” no balanço de riscos para a inflação.
Para os demais membros, o cenário internacional afeta sobretudo o grau de incerteza relativo ao balanço de riscos. Porém, o grupo é unânime em ver que o aumento da incerteza global exige cautela.
“Em um contexto geopolítico incerto, com um mercado de trabalho aquecido e um hiato do produto apertado nas economias avançadas, o Comitê avalia que a estratégia de aperto monetário prolongado tem sido fundamental para conter a inflação mundial, facilitando o controle inflacionário dos países emergentes”, diz trecho do documento.