Leilão dificulta recontratação de Parnaíba

Regras de leilão de energia do governo atrapalham planos da Eneva; ações caem

Regras de leilão de energia do governo atrapalham planos da Eneva; ações caem

São Paulo, 02/01/2025 – As regras definidas pelo governo Lula para um leilão de energia que contratará a produção de termelétricas e projetos de expansão de hidrelétricas frustraram expectativas da Eneva, impondo desafios a planos da companhia de recontratar o chamado Complexo Parnaíba, disseram fontes à Mover. As ações da empresa chegaram a cair cerca de 10%, diante da novidade.

A Eneva pretendia aproveitar o leilão do governo para assegurar um novo contrato de longo prazo com receita fixa para usinas do Parnaíba, cujos contratos atuais vencem no final de 2027. Mas o início de suprimento dos contratos do leilão será em julho de 2027, dificultando a participação na disputa, que deve contar com concorrência de rivais como Petrobras e Âmbar, empresa de energia da J&F Investimentos.

O leilão oferece um contrato com início em julho de 2028, e outros anos, mas para novas usinas, não para empreendimentos existentes, como aqueles para os quais a Eneva busca novos contratos.

“Não tem a recontratação de Parnaíba de maneira óbvia”, disse uma fonte com conhecimento da estratégia da Eneva, que pediu anonimato por não ter autorização para comentar o assunto publicamente.

A Eneva tem 1,9 GW em capacidade que ficará descontratada até o final de 2027, em contratos que representam receita fixa de R$3,7 bilhões, segundo relatório recente da Fitch Ratings, em que a agência de rating destacou “a necessidade de que a empresa obtenha sucesso nos próximos leilões”, dada a importância da contratação de Parnaíba para a geração operacional de caixa.

A participação da Eneva no leilão ainda pode ser viabilizada, embora com alguns desafios– a companhia precisaria renegociar contratos com distribuidoras, eventualmente pagando multas, para conseguir disponibilizar energia no prazo solicitado pelo governo, de acordo com diretrizes publicadas hoje para o leilão pelo Ministério de Minas e Energia.

As ações da Eneva operavam em queda de 7,2% por volta das 13h20, a R$9,77. O Ibovespa tinha alta de 0,25%.

O leilão do governo contratará energia de termelétricas e de expansão de hidrelétricas para atendimento à demanda nos horários de ponta de demanda. Para os projetos de usinas hídricas, Eletrobras, Engie e Copel já manifestaram interesse em disputar a concorrência.