Recém-comprada, Comerc foi avaliada em R$7 bi

Banqueiros sondam interessados em compra da Comerc, da Vibra, dizem fontes

Banqueiros sondam interessados em compra da Comerc, da Vibra, dizem fontes
Luciano Costa/FLJ

São Paulo, 14/08/2025 – Banqueiros de investimento têm buscado potenciais interessados na aquisição da Comerc Energia, braço de geração renovável e comercialização de eletricidade da Vibra, enquanto tentam convencer o grupo de combustíveis a se desfazer da empresa do setor elétrico, adquirida recentemente, disseram três fontes à Mover.

O Goldman Sachs foi contratado para estruturar uma eventual transação, segundo uma das fontes, mas ainda não há uma decisão final da Vibra sobre ir adiante com o negócio, inclusive por questões de “valuation”, o valor atribuído ao ativo, de acordo com as fontes, que falaram sob condição de anonimato porque as conversas não são públicas.

Procurada, a Vibra não comentou. A empresa, surgida da privatização da BR Distribuidora pela Petrobras, fechou acordo para comprar participação de 50% na Comerc em 2021, e mais recentemente exerceu opção de compra para ter 100% da companhia, avaliada em R$7 bilhões na transação. A aquisição da totalidade da empresa foi concluída agora em janeiro.

Nas atuais condições do mercado, com juros altos e incertezas ligadas ao setor de renováveis, como restrições na geração de usinas eólicas e solares e discussões sobre cortes de subsídios a essas fontes, seria praticamente impossível a Vibra conseguir vender a Comerc por valor acima ou mesmo igual ao que foi pago, disseram duas das fontes.

“Ficaria difícil justificar vender por menos tão pouco tempo depois de comprar 100%”, disse uma fonte, ao afirmar que a Vibra ainda não bateu o martelo sobre o formato ou mesmo realização da venda da Comerc.

Gestoras e veículos de investimento com apetite pelo setor elétrico e renováveis têm sido sondados por banqueiros oferecendo a Comerc, e estão tentando entender como poderiam estruturar um potencial transação e seus formatos prováveis, segundo as fontes.

“Hoje não teria um comprador, pelo menos não ao preço que a Vibra pagou agora”, disse uma pessoa com conhecimento do assunto.

A movimentação da Vibra para potencial venda da Comerc foi noticiada primeiro nesta tarde pelo Valor Econômico.

HISTÓRICO

Antes de ser vendida à Vibra, a Comerc se preparava para uma abertura de capital na bolsa (IPO). A empresa chegou a atrair gestoras como Verde Asset, Vinci Equities e Truxt para serem âncoras na operação, que foi deixada de lado após a oferta da Vibra.

Na época, a Vibra era comandada por Wilson Ferreira Jr, ex-CEO da Eletrobras, com ampla experiência no setor elétrico. Ele decidiu apostar na aquisiçaõ da Comerc em meio a um plano de acelerar investimentos da ex-BR Distribuidora na transição energética. A Comerc tem ativos solares, eólicos e operações de comercialização, entre outros negócios.

Mas, no mercado financeiro, apesar de elogios de analistas em relatórios, a aquisição nunca foi muito bem recebida, com investidores questionando a sinergia entre os negócios e a estratégia de operação no setor elétrico, principalmente depois da saída de Ferreira do cargo de CEO da Vibra.

O atual CEO da Vibra, Ernesto Pousada, já chegou a se referir à Comerc como um “tesouro escondido” que não estaria sendo bem precificado pelo mercado.

(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)