Brasília, 18/6/2025 – O Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 25 pontos-base na noite desta quarta-feira, a 15,0%, em linha com consenso do mercado, e disse que antecipa agora uma interrupção no ciclo de aperto monetário, para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros é suficiente para convergência da inflação.
Na decisão, que foi unânime, e a quarta com Gabriel Galípolo na presidência do BC, o Copom pontuou que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado, enfatizando que “seguirá vigilante”, e que os próximos passos poderão ser ajustados. Também alertou para possibilidade de Selic alta por “período bastante prolongado”.
Desde setembro de 2024, quando retomou ciclo de aperto monetário, o Copom elevou a Selic em 450 pontos-base, em meio à atividade econômica resiliente e inflação persistentemente acima da meta de 3,0%. Na reunião de hoje, a maior parte das apostas era em alta de 0,25 pp, mas o mercado estava praticamente dividido, com parte esperando manutenção, em razão de sinais de desaceleração da atividade e leitura da inflação e do PIB abaixo do consenso.
Sobre a atividade econômica e o mercado de trabalho, o Copom passou a destacar que “observa-se ´certa moderação´ no crescimento. Antes, o comitê classificava a moderação vista na atividade como “incipiente”. Mas o colegiado acrescentou que, “nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação”, justificando o aperto adicional.
O Copom também não alterou seu balanço de riscos, mencionando que os riscos para a inflação, tanto de alta, quanto de baixa, seguem mais elevados que o usual. Entre os fatores de alta, destacam-se a desancoragem das expectativas de inflação, a resiliência da inflação de serviços devido a um hiato do produto mais positivo e impactos de políticas econômicas que podem pressionar o câmbio. Já os riscos de baixa incluem uma possível desaceleração econômica doméstica mais forte, uma queda global por choques comerciais e a redução nos preços de commodities, com efeitos desinflacionários.
O colegiado disse seguir acompanhando como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. O ambiente segue também marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.
Em outro ponto de alteração do comunicado ante maio, o Copom afirmou que o cenário prescreve uma política monetária em patamar “significativamente contracionista” por período “bastante prolongado” para assegurar a convergência da meta, ante apenas “prolongado” na decisão de maio. De acordo com o Goldman Sachs, a menção ao tempo prolongado é “hawkish” e visa evitar apostas em corte dos juros ao fim de 2025.
PROJEÇÕES
O Copom elevou a projeção para a inflação ao consumidor ao fim de 2025, a 4,9%, ante 4,8% estimados em maio. Já para o quarto trimestre de 2026 – atual horizonte relevante de política monetária – a projeção para o IPCA manteve-se 3,6%. Em relação aos preços administrados, o Copom também elevou a projeção ao fim deste ano, a 3,8%, ante 3.5%. Para 2026, foi a 4,1%, ante 4,0%.
EXTERIOR
O Copom reescreveu parágrafo que descrevia ambiente externo, mencionando que ele se mantém adverso e particularmente incerto em função da conjuntura e da política econômica dos Estados Unidos, embora eliminando trecho anterior, que detalhava as incertezas alimentadas pela política comercial sobre a economia global.
“Tal cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes em ambiente de acirramento da tensão geopolítica”, complementou o Copom.
(GP | Edição: Equipe Mover | Comentários: equipemover@tc.com.br)