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Suzano comenta impactos à demanda da China com tarifas e vê mais seletividade em potenciais investimentos

Suzano comenta impactos à demanda da China com tarifas e vê mais seletividade em potenciais investimentos

São Paulo, 21/5/2025 – A produtora de papel e celulose Suzano ainda não trabalha com um cenário de desaceleração mais acentuada da economia chinesa que possa impactar seu setor de atuação, mesmo com todas incertezas associadas à guerra tarifária global, disse hoje o diretor financeiro da companhia, Marcos Assumpção, a jornalistas.

Desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou tarifas comerciais sobre parceiros, elevando as alíquotas impostas à China a até 145%, parte dos economistas passou a ver riscos de recessão nos EUA e de queda no crescimento do país asiático, com potenciais impactos globais, embora os temores tenham desescalado parcialmente após entendimento de ambos governos para reduzir as alíquotas por 90 dias.

“Não temos percebido redução na demanda da China, e no crescimento econômico. Achamos que a China vai continuar crescendo de 4% a 5% neste ano”, afirmou Assumpção, em conversa com imprensa financeira em São Paulo.

Nesta semana, o Banco do Povo da China (PBOC) aprovou reduções nas taxas de juros de referência para empréstimo, em uma esperada tentativa de impulsionar a economia rumo à meta de crescimento anual, de 5%, em movimento amplamente esperado no mercado. Hoje, os chineses também anunciaram algumas medidas de apoio a pequenas e microempresas.

“Agora estamos nessa discussão aí de preço, muito mais comercial.. veio esse aumento de incerteza, eles (os clientes) tiraram um pouco o time de campo na negociação. E agora volta, e vai ser discutido um novo ambiente de preço que reflita as condições do mercado… a partir da semana passada, temos visto uma demanda mais frequente de clientes querendo sentar na mesa, descobrir esse novo preço”, afirmou o CFO da Suzano, sobre negociações para eventuais reajustes na celulose.

Para ele, saiu do radar o risco de uma escalada sem fim das tensões comerciais, e parte do mercado começa a achar que o patamal atual e temporário das tarifas entre EUA e China pode ser o novo “ponto de equilíbrio”, ou “estrutural”.

CAUTELA
Enquanto aguarda o desenrolar das políticas de Trump, e com o ambiente de maior incertezas, a Suzano adotará posicionamento “mais criterioso” na avaliação de oportunidades, seja de alocação de capital para crescimento com projetos internos ou para fusões e aquisições.

“Como o ambiente macro que estamos considerando é talvez um pouco mais volátil.. acho até que as coisas estão se acalmando rapidamente desde a semana passada, quando as tarifas vieram para patamar mais baixo. Mas o que acontece nesse ambiente é que o nível do retorno que eu vou exigir para fazer um novo investimento aumenta”, explicou Assumpção.

Segundo ele, a Suzano segue com política de manter a alavancagem entre 2x e 3x, em relação entre dívida líquida e EBITDA, podendo subir a até 3,5x em ciclos de investimento, como o que a empresa encerrou agora com a entrega do Projeto Cerrado. “Gostaríamos, de chegar ao fim do ano mais próximos do meio desse intervalo (2,5x)”, disse.