São Paulo, 25/02/2024 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, qualificou hoje os planos do governo de obter equilíbrio fiscal como um “milagre”, mas disse acreditar no ajuste das contas públicas e negou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja contra realização de superávit primário.
As declarações de Haddad ocorreram pela manhã, em evento do BTG Pactual com investidores. Antes de começar a falar, ele foi apresentado com elogios pelo presidente do conselho do banco, Andre Esteves, que ainda pediu apoio ao ministro em sua “batalha pelo bom senso”.
Ao subir ao palco, Haddad defendeu que sua gestão tem feito “avanços consideráveis, que nem sempre são levados em consideração”, destacando os avanços “dentro do grau de liberdade em que a área econômica pôde atuar”.
“O presidente Lula não fala ´não faça superávits´…como algumas pessoas pensam. O comando de Lula é ´vamos arrumar as contas, mas sem fazer isso recair sobre a parte mais fraca”, disse o ministro da Fazenda.
Para atingir os objetivos, no entanto, é fundamental que o país siga expandindo a economia, defendeu Haddad. “Não acredito que o Brasil, sem crescimento econômico, vai conseguir operar esse milagre que é fazer esse ajuste”, afirmou.
A retomada do grau de investimento também dependeria disso, segundo Haddad. “E não consigo ver esse crescimento se você ´bombardear´ o andar de baixo”, afirmou.
O ministro disse que “o mercado hoje está muito mais tenso que em outros tempos”, com operadores sempre com “dedo no gatilho” para comprar ou vender ativos, inclusive para especulação.
Haddad citou “contexto geopolítico muito desafiador”, com “turbulência na economia americana” devido a medidas de Trump, e pediu apoio da sociedade à agenda de controle de gastos.
“Temos uma agenda a cumprir, e quanto mais apoio essa agenda tiver, mais fácil vai ficar”, afirmou. Ele defendeu ainda que vê “muito mais convergência hoje” no governo sobre a agenda fiscal do que há dois atos atrás.
Respondendo a questionamentos no evento, Haddad ainda criticou governos anteriores e analistas pelas posições duras contra sua gestão.
“Às vezes vejo falarem ´vamos voltar para o teto de gastos. O que o teto de gastos produziu? Temer teve déficit primário em 2017 e 2018 de 1,7% do PIB, sem pandemia”, afirmou.
“É fácil às vezes para alguns analistas, sobretudo analistas que foram de governos passados, e não cosneguiram resolver o problema, jogar pedra agora.”
REVOLUÇÃO NO CRÉDITO
Haddad também elogiou planos do governo Lula de lançar um programa de fomento ao crédito consignado no setor privado. “Em minha opinião, será uma revolução”, afirmou Haddad, destacando que a iniciativa poderá apoiar inclusive empreendedorismo.