Projeções para cãmbio seguem piorando

'Novo normal': Economistas veem dólar a R$6 até 2027, segundo Focus; BTG cita risco de disparada para R$7

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São Paulo, 13/1/2024 – Projeções de economistas passaram a apontar para um dólar na casa dos R$6 ao longo também de todo o ano de 2026, mantendo estabilidade ante 2025, segundo Boletim Focus desta segunda-feira, enquanto analistas do BTG Pactual alertaram para riscos de o câmbio romper barreira superior, dos R$7.

Até a semana passada, economistas de mercado consultados pelo Banco Central para elaboração do Focus previam câmbio a R$6 por dólar neste ano, e R$5,90 para 2026. Agora, as previsões são de manutenção nos R$6 neste ano e no próximo, caindo para a casa dos R$5,82 em 2027.

As previsões para o câmbio têm subido gradualmente, semana a semana, ajudando a piorar as expectativas de inflação, que tiveram mais uma semana de ligeiro aumento tanto para 2025 quanto para 2026, segundo o Focus.

Em relatório, a economista do BTG Pactual, Iana Ferrão, traçou cenário-base de pressão ainda maior no câmbio, projetando dólar a R$6,25 ao fim deste ano, e R$6,35 em 2026, mas sem descartar cotações acima dos R$7 se o governo acelerar a deterioração fiscal e das expectativas.

O BTG cita como fatores para essa eventual disparada adicional do dólar “ações que contornem o orçamento, intensifiquem mecanismos parafiscais, minem a credibilidade da política monetária ou envolvam intervenções no mercado cambial”.

Nesse cenário, o dólar poderia terminar 2025 em R$7,10 e chegar a R$7,30 em 2026. Por outro lado, medidas positivas na seara fiscal e uma eventual sinalização de estabilização da dívida pública poderiam reduzir o prêmio de risco do Brasil e levar o câmbio e um patamar mais benigno, de R$5,20.

Nos cálculos da economista do BTG, fatores domésticos respondem por cerca de R$0,90 por dólar do nível atual do câmbio, refletindo “aumento das preocupações do mercado quanto à sustentabilidade da dívida pública” e à condução da política econômica.

O mercado tem pressionado o governo pelo anúncio de mais medidas fiscais, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse em entrevista à Globo News que a pasta segue avaliando ações, mas não quis se comprometer com um segundo ou terceiro pacote de medidas.

De outro lado, operadores estarão atentos às ações do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula, que assumiu o cargo neste ano, em substituição a Roberto Campos Neto, indicado pela administração anterior, de Jair Bolsonaro.

O futuro líder do governo na Câmara, Lindbergh Farias (PT), disse em entrevista recente ao Estadão que “Galípolo já sabe o que tem que fazer”. Segundo ele, “a questão central agora é conter o câmbio”. Apesar dessas afirmações, o deputado petista negou intenção de “interferir” na atuação do BC.