São Paulo, 17/10/2024 – Em meio à crise de confiança do mercado em relação à condução do ajuste fiscal prometido pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), operadores têm exigido altos prêmios pelos títulos ofertados pelo Tesouro Nacional em leilões nesta semana, que registraram as maiores taxas do ano.
De acordo com o contribuidor do TC, Alexandre Cabral, o resultado do leilão desta quinta-feira mostra que o investidor estrangeiro “segue comprando Brasil, mas pedindo muita taxa”, reforçando as crescentes preocupações com a capacidade do governo de cumprir o arcabouço fiscal.
“Como confiar em um governo que o seu presidente tem um discurso após a reunião com presidentes dos maiores bancos do país e um totalmente oposto quando se dirige ao seu público? Devemos confiar em qual?” disse Cabral, em referência a falas recentes de Lula.
No encontro com a Federação Nacional dos Bancos, Febraban, Lula e o ministro da Fazenda, Haddad, asseguraram o compromisso fiscal do governo. Mas, na sequência, em evento no Planalto, o Presidente da República defendeu que saúde e educação não podem ser tratadas como gastos.
Ao longo dos últimos dias, Haddad e outros membros da administração, como a ministra do Planejamento, Simone Tebet, buscaram acalmar o mercado com promessas de medidas de cortes, mas operadores cobram anúncios concretos, que só devem vir após as eleições municipais.
Hoje, o Tesouro Nacional ofertou 7 milhões de LTNs, também conhecidas como tesouro pré-fixado, e 1,05 milhão de NTN-Fs, um título com juros semestrais e taxa prefixada. Apesar da alta oferta, a aceitação do mercado foi baixa, e as taxas principalmente da LTN de longo prazo, com vencimento em 2030, voltaram a ser negociadas acima dos 13%.
No leilão de terça-feira, o Tesouro ofertou 900 mil LFTs, também conhecidos como Tesouro Selic, que é pós fixado; e 1,4 milhão de NTN-Bs, ou Tesouro IPCA+. O destaque foram as NTN-Bs, que registraram a maior taxa do ano, de 6,69%, e mesmo assim o Tesouro enfrentou dificuldade em vender os títulos com maior prazo de duração.
As taxas para os ativos de renda fixa ofertados pelo governo estão em patamares elevados e extremamente atrativos para os investidores, mas ainda assim o Tesouro encontra dificuldades para vender a totalidade dos títulos colocados nos leilões.
(LB | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)