Veja os principais destaques políticos que podem impactar os mercados

Haddad pede apoio a combate de distorções tributárias para não cortar gastos sociais

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Por: Stéfanie Rigamonti

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse ontem que, se a sociedade não apoiar a reforma tributária e outras medidas do governo para corrigir distorções na cobrança de impostos, o que contribuirá para o aumento da receita do governo, será preciso cortar programas sociais “caros a essa mesma sociedade”.

A fala aconteceu durante participação por videoconferência de Haddad em fórum do Bradesco BBI, que acontece até amanhã. Nesta manhã, quem participa do evento é o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O ministro da Fazenda mandou um recado ontem ao BC, dizendo que a política monetária deve vir ao encontro das políticas fiscais anunciadas pelo governo.

A seguir, confira as notícias do mundo político que podem ter algum impacto hoje nos mercados. Para mais informações, siga a cobertura dos principais acontecimentos nos terminais Mover e TC Economatica.

DESTAQUES DO DIA

O ministro Fernando Haddad defendeu ontem a correção de distorções tributárias como forma de não cortar gastos com programas sociais e, assim, garantir a sustentabilidade das contas públicas prevista no novo arcabouço fiscal. Durante o Brazil Investment Forum, organizado pelo Bradesco BBI, Haddad anunciou que novas medidas de recomposição de receitas devem somar R$115 bilhões. Segundo o ministro, o governo mapeou R$300 bilhões em potenciais receitas totais, mas que não avançará sobre tudo em um primeiro momento. (Mover)

O ministro disse ainda que as políticas fiscal e monetária são braços do mesmo organismo e devem somar para a criação de um ambiente favorável aos investimentos no país. Segundo Haddad, ele tem trabalhado para construir com a autoridade monetária uma relação de confiança e disse que a política monetária, promovida pelo Banco Central, deve vir ao encontro das últimas medidas fiscais anunciadas pelo governo. (Mover)

Após essas falas, o mercado acompanha hoje com atenção a palestra do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no mesmo evento, à espera de sinalizações sobre a taxa básica de juros Selic. Ontem, Haddad disse à imprensa que, em reunião na segunda-feira com Campos Neto, o ministro conversou sobre a possibilidade de parcelamento de dívidas no Pix, como uma medida para baratear o crédito no Brasil. (Mover/Agências)

ECONOMIA

Haddad criticou ontem a complexidade do sistema tributário brasileiro e afirmou que a Fazenda trabalha para que a subvenção a custeio de empresas seja corrigida. Segundo o ministro, o governo gasta quase R$90 bilhões para subvencionar custeio dessas empresas, o que seria, segundo ele, uma anomalia, visto que esta regra foi aprovada a partir do âmbito estadual para o federal. “A subvenção ao custeio de empresas não é adotada em nenhum país desenvolvido. Foi feita uma emenda parlamentar que ninguém notou o que ela poderia fazer no debate. E nós vamos corrigir isso. Estamos falando de uma lei de isenção de ICMS derivada de uma lei estadual. Já é uma certa anomalia”, afirmou. (Mover)

O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse que o governo estuda acrescentar às novas regras fiscais um teto para investimentos. No plano inicial, havia apenas piso para investir. Ceron também rebateu as críticas de que o marco fiscal é uma “licença para gastar”, argumentando que há um teto para crescimento de despesa pública, de 2,5% ao ano acima da inflação. Segundo o secretário, mesmo sem o governo atingir o que almeja de aumento de receita, de R$100 bilhões a R$150 bilhões, as novas regras fiscais prevêem ajuste nas contas públicas. (Estado)

Durante audiência do Grupo de Trabalho da Reforma Tributária na Câmara, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), disse ontem que o governo deve entregar o texto do arcabouço fiscal à Câmara dos Deputados até a próxima terça-feira. “O texto já saiu do Ministério do Planejamento, na parte orçamentária. Agora, a palavra final é do ministro Fernando Haddad”, afirmou. Segundo ela, dois dos seus secretários estão trabalhando no Ministério da Fazenda para conclusão do arcabouço fiscal. (Mover)

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), afirmou ontem a jornalistas que a tramitação das regras fiscais será prioridade do governo a partir da semana que vem, ao lado da instalação de comissões mistas para análise de 12 Medidas Provisórias assinadas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Aprovarmos o marco fiscal reforça o ambiente seguro para investimentos no país”, declarou Padilha. (Mover)

Haddad disse ontem que está acompanhando o debate sobre a meta de inflação com “muita humildade”, citando discussões sobre se uma mudança da meta ancora ou desancora a inflação. O ministro disse que tratou do tema com Campos Neto. Ele afirmou que é importante verificar se as metas foram bem calibradas e avaliar se é o caso de fazer uma meta contínua. “Só Brasil e Turquia fazem meta de ano calendário”, disse. “Não queremos antecipar isso [a meta] a não ser na reunião [do Conselho Monetário Nacional] que vai determinar isso”, declarou. (Mover)

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou ontem que o governo estuda um benefício para pequenas empresas que exportam produtos. A ideia é oferecer créditos em tributos para incentivar a venda a outros países. Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, falou sobre o plano do governo após uma reunião com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo. (O Globo)

POLÍTICA

Após reunião com o presidente Lula, o ministro Alexandre Padilha afirmou que há um acordo com o Congresso Nacional para que alguns conteúdos propostos pelo governo por Medidas Provisórias poderão ser incorporados a outras MPs como emendas, enquanto outros temas poderão ser enviados ao Legislativo como Projeto de Lei em regime de urgência. O governo encaminhou 12 MPs cujos prazos começam a vencer em junho. “Vamos trabalhar para aprovar todas, priorizando a instalação de comissão mista das mais urgentes”, disse. (Mover)

Entre as que terão comissões mistas criadas na semana que vem estão as MPs da reestruturação da Esplanada dos Ministérios, da retomada do Minha Casa Minha Vida, da criação do novo Bolsa Família e da que retoma o voto de qualidade no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). (Mover)

ESTATAIS

O Governo federal prevê assinar hoje dois decretos com ao menos oito pontos que alteram a regulamentação do novo Marco Legal do Saneamento, sendo uma das medidas a possibilidade de prestação de serviços por empresas estatais sem licitação. (Valor)

AGENDA

O presidente Lula se reúne com o ministro dos Transportes, Renan Filho, às 10h30.

Lula participará de videoconferência da Cúpula de Segurança Alimentar e Nutricional, às 13h00.

O presidente da República e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estarão presente na reunião de apresentação e assinatura dos decretos que atualizam a regulamentação do Marco Legal do Saneamento, às 16h00.