Por Stéfanie Rigamonti
A seguir, as notícias do mundo político que podem ter algum impacto hoje nos mercados. Para mais informações, siga a cobertura dos principais acontecimentos nos terminais Mover e TC Economatica.
DESTAQUES DO DIA
As agendas econômicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), são pouco complementares e ambos ainda não conseguiram afinar o discurso para demonstrar quais são as prioridades na política econômica. Pouco mais de um mês da posse presidencial, algumas fontes no Congresso já relatam bateção de cabeças, com uma sensação maior de pessimismo em relação ao governo. Relatos dão conta de que Lula já queimou boa parte de seu capital político ao aprovar a Proposta de Emenda à Constituição da Transição. Agora, ao confrontar o Banco Central por conta das decisões do Comitê de Política Monetária, ao reclamar de marcos recentes, como a Taxa de Longo Prazo do BNDES, o do saneamento e a reforma trabalhista, a resistência parece aumentar rapidamente no Congresso. (Mover)
O presidente Lula disse ontem que os políticos e a classe empresarial precisam cobrar do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o corte da taxa de juros, e não mais do presidente da República, já que o BC agora é autônomo. Em encontro com jornalistas da mídia alternativa, o petista afirmou que, durante seus dois primeiros mandatos, o BC só não foi 100% independente porque o presidente da República também tem que ter o direito de discutir “taxa de juros, taxa de inflação e a questão do emprego”. Lula também afirmou que não discute com Campos Neto a questão dos juros, justificando que o presidente do BC deve explicações “ao Congresso, que o indicou”, não a ele.(Mover)
Em palestra durante evento em Miami, nos Estados Unidos, Campos Neto buscou ao máximo fugir de assuntos polêmicos relacionados ao governo Lula, e centrou suas falas na inovação digital. Mas o presidente do BC não deixou de defender a autonomia da autarquia, dizendo que ela é “muito importante” para desconectar a política monetária do Brasil do “ciclo político”, já que ambos têm “clientes e interesses distintos”. (O Globo)
ECONOMIA
Discursos de parlamentares ontem na Câmara repercutiram a polêmica sobre a condução da política monetária. O líder do Psol, deputado Guilherme Boulos, afirmou que Campos Neto quer ser o “dono” da política monetária brasileira. Ele citou laços do presidente do BC com ministros do ex-presidente Jair Bolsonaro ao mesmo tempo em que se diz independente. Já o deputado Carlos Jordy (PL) disse que não permitirá que o governo tire a autonomia do BC. (Agência Câmara)
Haddad enxergou ontem a ata do Copom com um tom mais “amigável” e melhor do que o comunicado da reunião que decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% na semana passada. Após o BC moderar mensagem, Lula está sendo aconselhado por ministros a amenizar o confronto com Campos Neto, já que esse embate só tem feito aumentar o prêmio de risco pedido pelos investidores para os títulos do Tesouro, o que impacta as taxas de juros futuros e de câmbio. (Estado)
Presidente do BC nos dois primeiros mandatos de Lula, Henrique Meirelles avaliou como acertada a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de utilizar uma comunicação mais dura no contexto atual de desancoragem das expectativas inflacionárias e de discussões no governo sobre metas de inflação. Mas também disse que é normal que políticos e empresários pressionem por uma taxa de juros mais baixa. Meirelles também afirmou que é contraproducente falar em aumento da meta de inflação, dizendo que as expectativas para os preços estão mais altas justamente por conta dessa discussão. (Valor)
Ontem a Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou a regulamentação da lei que estabelece o marco legal para a micro e minigeração distribuída de energia. As regras abrangem, entre outras coisas, a cobrança pelo uso da rede de distribuição, prazos para obras de conexão dos sistemas e apresentação de garantia de fiel cumprimento. (Folha)
POLÍTICA
Lula tem reunião marcada nesta sexta-feira com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Casa Branca e fontes disseram que o encontro foi acelerado para mostrar afinidade entre os países contra o radicalismo da direita. Ao contrário das visitas do petista aos países vizinhos, desta vez não há expectativas de negociações bilaterais nem que um grande acordo seja fechado. A própria reunião e a foto dos presidentes juntos são os objetivos principais. (Estado)
A passagem de comando ontem no Exército ao general Tomás Paiva contou com mensagem interna de coesão e de que o espírito de corpo do generalato não foi afetado, mesmo com a demissão do general Júlio César de Arruda do comando da instituição e de críticas por parte do governo ao Alto Comando pelo envolvimento de militares com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). (Folha)
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), está tentando acelerar a tramitação do projeto de lei das Fake News, que busca punir responsáveis por conteúdos falsos na internet. A intenção do parlamentar é impedir que uma Medida Provisória sobre o tema, que foi mencionada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), seja apresentada e estrague o clima para a aprovação do PL. Por terem caráter provisório e precisarem de prazo para serem validadas, as MPs costumam tramitar mais rápido e com menos debates. (O Globo)
O senador Flávio Bolsonaro (PL) deve ser líder da minoria no Congresso e a decisão deve ser confirmada nesta semana, enquanto Carlos Portinho deverá ser líder do PL no Senado. As indicações foram feitas ontem durante uma reunião com representantes do PL, do PP e do Republicanos. (O Globo)
ESTATAIS
A Petrobras anunciou ontem uma redução de 8,8% nos preços de venda do diesel para as distribuidoras, com validade a partir desta quarta-feira, no primeiro reajuste de combustíveis promovido pela empresa sob o comando do ex-senador petista Jean Paul Prates, que assumiu o posto em 26 de janeiro. (Mover)
AGENDA
-Secretário especial para Reforma Tributária, Bernard Appy participa de debate sobre o tema em evento da RenovaBR. Horário: 12h00
-Lula tem reunião agendada com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e com o ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa, e há expectativas de que o Banco Central esteja em pauta. Horário: 17h00