Vale (VALE3): Investidor deve vender as ações após resultado ruim?

Lucro da empresa despencou quase 60% no 1º trimestre

Facebook/Vale
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Por Bruno Andrade e Artur Horta

As ações da Vale (VALE3) subiam nesta quinta-feira, mesmo após a segunda maior produtora global de minério de ferro registrar um balanço ainda mais fraco do que o as já baixas expectativas do mercado no primeiro trimestre de 2023, mais que compensando impactos de uma notícia positiva sobre a venda de participação na MRN e consequente conclusão do programa de desinvestimentos da companhia.

Perto das 11h34, os papéis ordinários da Vale avançavam 1,24% na B3, cotados a R$ 71,14. No mesmo momento, o índice Ibovespa avançava 0,62%, a 102,95 mil pontos.

A companhia reportou um lucro líquido de US$ 1,84 bilhão entre janeiro e março, um tombo de quase 60% na comparação com o mesmo período do ano passado. A cifra ficou abaixo das expectativas do consenso reunido pela agência Mover, que era de US$ 2,33 bilhões.

A Vale atribuiu o resultado ao menor volume de vendas, devido ao efeito negativo das chuvas no Maranhão sobre as exportações, conforme antecipado no relatório de produção.

“Nós já sabíamos que o primeiro trimestre seria ruim há alguns dias, depois que a Vale publicou seu relatório de produção, mas os números ainda ficaram um pouco abaixo do esperado”, escreveram os analistas do BTG Pactual Leonardo Correia e Caio Greiner, em nota a clientes.

No entanto, a companhia também viu o custo caixa C1 subir 26,2% em um ano, para US$23,6 por tonelada, o que parece ter desagradado investidores.

“Fomos surpreendidos negativamente com a deterioração de custos”, afirmaram Correa e Greiner. Os analistas esperam uma recuperação do volume de vendas no próximo trimestre, mas avaliam que “investidores ainda terão questionamentos” sobre a capacidade de execução da Vale.

Para o JPMorgan, a baixa diluição do custo fixo, o pior mix de vendas e efeitos pontuais levaram à alta do custo C1 da Vale. “Uma tendência semelhante foi observada no níquel”, apontaram os analistas do banco americano Rodolfo Angele e Lucas Yang, em relatório.

A equipe do JPMorgan disse ainda esperar por revisões baixistas no lucro da mineradora em 2023, à medida que “investidores no geral concordam com a previsão de queda do minério de ferro ao longo de 2023”, além de observarem com maior cautela a dinâmica de custos da companhia.

O que fazer com a ação da Vale?

Para os analistas do TC Matrix, os resultados foram abaixo do esperado, mas não mudam a visão de longo prazo para a companhia, com a queda nas ações hoje sendo um possível ponto de entrada para investidores. “Acreditamos que o momento abre uma janela de oportunidade para quem busca uma alocação de capital em uma companhia geradora de caixa e pagadora de dividendos a um preço atrativo”, escreveu o analista Vinicius Steniski.

Os analistas do Santander também continuam com uma visão positiva para o papel no longo prazo. A instituição financeira possui classificação de outperform (desempenho acima da média do mercado, que é equivalente a compra) O preço-alvo dos analistas é de US$ 19 para as ARDs em Nova York, o que implica em uma alta de 36,8% na comparação com o fechamento desta quarta-feira (26).

O Itaú BBA se une ao coro e recomenda compra para o ativo. Em relatório divulgado na manhã desta quinta-feira, os analistas comentam que a companhia teve “uma forte geração de caixa, em torno de US$ 2,3 bilhões”.

“Sendo assim, mesmo com o pagamento de dividendos e recompras em torno de US$ 2,6 bilhões no primeiro trimestre, a dívida líquida expandida da Vale aumentou ligeiramente para US$ 14,4 bilhões, dentro da faixa visada pela empresa de US$ 10-20 bilhões, o que é positivo para as metas da mineradora”, disseram Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Furlan Palhares e Barbara Soares, que assinam o relatório.

Os quatro analistas do Itaú BBA calculam um preço-alvo de US$ 18 para as ADRs da mineradora, uma alta potencial de 29,6% na comparação com o fechamento da véspera.

Já os analistas da Genial Investimentos, comentam que o papel da companhia sofreu muito nos últimos dias por questões especulativas do mercado. “Enxergamos que a queda nos preços das ações da Vale vista nos últimos 15 dias, em cerca de -15%, nos parece ser um movimento especulativo muito forte, apostando agora no cenário reverso do que o consenso imaginava quando foi anunciado a reabertura da China”, comentaram Igor Guedes, Ygor Bastos e Renan Rossi, que assinam o relatório.

Os especialistas da Genial possuem recomendação de compra para a ação negociada na B3. O preço-alvo é de R$ 87,50, alta de 24,52% na comparação com o fechamento de quarta-feira (27). O BTG vai no mesmo caminho e recomenda compra para o ativo, com preço-alvo de US$ 23 para a ADR negociada em Nova York. O valor representa uma alta de 65,6% na comparação com o fechamento de quarta-feira (26).

Por fim, os analistas do JPMorgan são os únicos que estão mais receosos. Eles possuem recomendação neutra com preço-alvo de US$ 17,50, uma potencial alta de 25,6%.