Vale caminha para maior alta semanal desde novembro

Força do minério e recomendação de banco impulsionam papel

Divulgação/Vale
Divulgação/Vale

Por Artur Horta

As ações da Vale (VALE3) saltavam na B3 nesta sexta-feira (1º), caminhando para a maior alta semanal desde novembro passado, apoiadas por uma inesperada força nos preços do minério de ferro nos últimos dias e por uma recomendação de ´compra´ dos papéis pelo banco americano JP Morgan.

Apesar de temores quanto à economia chinesa, os valores do minério de ferro avançaram 3,2% na semana na bolsa de Dalian, após novas medidas da China para estimular o setor imobiliário, às vésperas do tradicional pico de atividade da construção civil no país.

Perto das 14h50 de hoje, as ações ordinárias da mineradora brasileira subiam 5,24%% na B3, a R$68,49, aparecendo entre as maiores altas do Ibovespa e acumulando ganhos de 10,3% na semana. No mesmo momento, o índice Ibovespa subia 1,67%, a 117,6 mil pontos.

O minério de ferro, commodity que responde por cerca de 90% da geração de caixa da Vale, fechou em alta de 0,48% na bolsa de Dalian nesta sexta, subindo pela quarta semana consecutiva, para US$116,40 por tonelada.

Os preços do minério de ferro ganharam impulso com decisão do Banco Central e do regulador financeiro chinês nesta semana de permitir flexibilização de algumas regras de empréstimo, no intuito de facilitar a compra de imóveis, incluindo a redução da taxa de hipoteca para compradores da primeira casa. 

Além disso, o índice de gerentes de compras do setor industrial Caixin/S&P Global subiu para 51,0 em agosto, de 49,2 em julho, superando as previsões dos analistas de 49,3 e marcando a leitura mais alta desde fevereiro, segundo a agência Reuters.

VALE É ´COMPRA`

Um relatório divulgado hoje pelo JPMorgan também ajudou as ações da Vale, com o banco americano elevando a recomendação para os papéis em um momento em que muitos analistas de mercado já vinham avaliando que a empresa estava “barata”, negociada com desconto ante suas rivais anglo-australianas.

O banco americano passou a sugerir a compra dos recibos de ações da Vale negociados em Nova York, elevando o preço-alvo de US$15,00 para US$16,00, o que representaria um potencial de valorização de aproximadamente 20% frente aos valores atuais.

Analistas do JPMorgan acreditam que a combinação de uma maior produção de aço na China , incentivos do governo e um período sazonal de maiores vendas de minério de ferro podem beneficiar a segunda maior produtora global do ingrediente siderúrgico nos próximos meses. 

No Brasil, dois gestores de grandes fundos entendem que a alta das ações da Vale é natural, uma vez que elas estavam excessivamente descontadas frente aos pares, e desconectadas do movimento recente de alta do minério. 

“O minério subiu muito nas últimas semanas e a ação estava perto das mínimas. Ou o minério desaba ou a ação tem que subir, mesmo com as notícias negativas vindas da China”, disse um dos gestores, que está comprado em Vale e vendido em contratos futuros de minério.

O outro gestor tem estratégia similar, avaliando que o pessimismo com a economia chinesa está muito alto, o que castigou demais a Vale no passado recente. “Estamos até levemente vendidos no minério, olhando o calendário do ano que vem, mas a Vale está muito descontada em relação a pares lá fora. É um trade tático”, afirmou. “Tem muito pessimismo embutido nos preços”.