Transição energética impulsionará fusões e aquisições no Brasil em 2023, dizem especialistas

Movimentação deve ser embalada por preocupações de companhias com aspectos ESG

Unsplash
Unsplash

Por: Luciano Costa

Negócios ligados à transição energética, como fontes renováveis de energia, principalmente geração solar, deverão dar impulso às operações de fusões e aquisições no Brasil neste ano, que sinalizam manter o ritmo aquecido de 2021 e 2022, disseram especialistas em evento acompanhado pelo Scoop.

A movimentação deve ser embalada por preocupações de companhias com aspectos ambientais, sociais e de governança, conhecidos pela sigla ESG, que ajudarão a fomentar investimentos mesmo no atual ambiente de taxas de juros elevadas no Brasil e em países desenvolvidos, segundo participantes da conferência, promovida pela M&A Community.

O diretor de fusões e aquisições da Deloitte, Guilherme Machado, disse que as operações no setor de energia foram um destaque em 2022, “com foco em solar”, em que houve salto de 90% nas transações.

Entre os destaques do ano estiveram negócios com ativos de geração solar distribuída fechadas por companhias como Omega Energia, Energisa, Cemig SIM, da Cemig, e Comerc, da Vibra Energia, além de um aporte da gestora britânica Actis na Omega.

“Isso mostra interesse muito maior em transição energética. Pode ser um mercado de grande desenvolvimento no Brasil. Não só pelo potencial eólico e solar,também temos essa grande tecnologia que é o etanol, que é renovável, e outros combustíveis de origem agrícola”, disse o sócio do escritório PB Law, Carlos Portugal Gouvêa.

Esse apetite deverá gerar negócios à medida que muitas empresas buscam aumentar sua pegada ESG por meio de aquisições, dado que o envolvimento com iniciativas nessa área passou a ser bem visto e incentivado por investidores, disse o vice-presidente da boutique financeira FIRB CFI, Carlos Cadó.

“Não se trata somente da integração de ESG como um critério dentro da transação. Mas como o verdadeiro ´deal driver´ dessas transações”, afirmou ele. “Existe essa oportunidade, e nessa história o Brasil tem predisposição natural, faz isso muito bem”, afirmou ele.

Essa demanda por investimentos ligados à transição energética acelerou muito depois da guerra entre Rússia e Ucrânia, principalmente na Europa, disse Gouvêa, do PB Law, citando operações de hidrogênio verde como exemplo. “O Brasil tem enorme potencial. Está um pouco em nossas mãos se tornar uma potência verde do mundo”.

Ao longo de 2022, as fusões e aquisições no Brasil somaram cerca de 2,2 mil transações, abaixo do recorde de 2,7 mil do ano anterior, disse Machado, da Deloitte. Agora em 2023, as expectativas são de um número acima de 2 mil negócios, com continuidade de uma tendência vista em 2022, de maior participação de empresas e investidores locais nas operações, segundo opinião compartilhada tanto por Machado quanto por Cadó, da FIRB CFI.