Por: Gabriel Ponte
O Tesouro Nacional pretende emitir títulos verdes no exterior ainda neste ano, avaliou Rogério Ceron, secretário do órgão, em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira. Segundo ele, entretanto, o momento de colocação desses títulos depende de decisões do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ceron também afirmou que o desenho do título a ser emitido ainda não está finalizado, embora deva ter como contrapartida projetos ambientais, de transição energética, indústria verde e agricultura sustentável.
Sobre a composição da dívida, ele afirmou que o objetivo de longo prazo é obter a maior participação de prefixados e de títulos ligados a índices de preços. Ceron disse esperar um ambiente econômico mais favorável a partir do segundo semestre para a estratégia de longo prazo do Tesouro, retornando com uma emissão maior de prefixados. Ele também afirmou que a necessidade de financiamento de 2023 não incorpora o custo do pacote fiscal anunciado pelo governo. Os resultados serão incorporados posteriormente e uma revisão pode ser feita em abril.
Ceron também disse que o órgão voltará a emitir LFTs, papéis atrelados à Selic, de três anos diante da demanda de investidores. “Apesar das expectativas, essa estratégia de emissões pode mudar ao longo do ano, a depender do cenário. Vamos privilegiar o alongamento dos vencimentos da dívida.”
O novo arcabouço fiscal a ser apresentado pela equipe econômica, e a reforma tributária, são medidas importantes para melhorar o ambiente econômico no Brasil, e criar condições para retomada do grau de investimento, segundo Ceron. “O objetivo é traçar plano para atingir essa meta. Precisamos colocar ações em curso. Já começamos e vamos intensificar nos próximos meses.”
Presente também na coletiva, o subsecretário da Dívida Pública, Otavio Ladeira, afirmou ser natural que em um processo de alta da taxa Selic, investidores demandem menos títulos prefixados. Ele pontuou, por outro lado, que mesmo diante do aperto monetário, a queda da inflação ajudou a estabilizar o custo médio da Dívida Pública Federal. “Quando o BC estabiliza os juros, o mercado volta a ter demanda por prefixados”, complementou.
De acordo com o PAF, a parcela de títulos prefixados na DPF recuou de 28,9% em 2021 para 27,01% em 2022.