Por Reuters
Guardas presidenciais mantinham o presidente do Níger, Mohamed Bazoum, dentro de seu palácio na capital Niamei, nesta quarta-feira, no que os países vizinhos chamaram de tentativa de golpe, mas que a presidência descreveu como um movimento “antirrepublicano em vão”.
O principal bloco econômico e regional da África Ocidental, Cedeao, disse estar preocupado com uma tentativa de golpe de Estado e pediu aos conspiradores que libertassem Bazoum. A União Africana também condenou o que chamou de tentativa de golpe e instou os soldados “criminosos” envolvidos a retornarem imediatamente aos quartéis.
O Exército nacional estava pronto para atacar os guardas se eles não caíssem em si, disse a presidência em um comunicado.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou qualquer esforço para tomar o poder pela força no Níger e pediu a todos os atores que exerçam moderação. Os Estados Unidos, a França e a União Europeia também condenaram a tentativa de tomada do poder.
A declaração da presidência seguiu-se a relatos de que os guardas presidenciais cortaram o acesso ao palácio e bloquearam Bazoum lá dentro, levantando a preocupação de que o sétimo golpe na África Ocidental desde 2020 possa estar em andamento.
“O presidente da República e sua família estão bem”, afirmou a presidência nas redes sociais às 11h30 locais (8h30 de Brasília), sem fornecer mais detalhes.
Outra postagem que dizia que os guardas presidenciais haviam iniciado um movimento “em vão” foi posteriormente deletada em meio a dúvidas sobre quem estava no controle. Os soldados assumiram o controle de todas as estradas que levam à estação nacional de televisão.
Um assessor da presidência, falando sob condição de anonimato, disse à Reuters por volta das 14h (11h de Brasília) que as negociações estavam em andamento entre o grupo de Bazoum e os líderes da guarda presidencial. A Reuters não conseguiu corroborar esta informação.
O resto de Niamei parecia calmo, com tráfego normal nas vias e acesso total à internet, disse um repórter da Reuters.
Uma tomada militar da ex-colônia francesa pode complicar ainda mais os esforços ocidentais para ajudar os países da região do Sahel a combater uma insurgência jihadista que se espalhou a partir do Mali na última década.
O Níger tornou-se um aliado fundamental para as potências ocidentais que buscam ajudar a combater a insurgência, mas enfrentam crescente acrimônia das novas juntas no poder no Mali e em Burkina Faso. É também um aliado fundamental da União Europeia na luta contra a imigração irregular da África subsaariana.
“A UE condena qualquer tentativa de desestabilizar a democracia e ameaçar a estabilidade do Níger”, disse o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, em um post.
(Por Moussa Aksar, Boureima Balima e Abdel-Kader Mazou; Reportagem adicional de Edward McAllister em Dacar)