Por Erick Matheus Nery
Em meio ao debate sobre a mudança da tributação dos fundos exclusivos, mais de R$ 27 bilhões foram retirados dessas aplicações financeiras nos últimos meses. De acordo com dados divulgados nesta quinta (20), o movimento sinaliza uma preocupação dos super-ricos com a segunda etapa da Reforma Tributária defendida por Fernando Haddad.
De acordo com um levantamento realizado pelo TradeMap, de 1º de abril até 18 de julho, a captação líquida dos fundos exclusivos com um único cotista ficou negativa em R$ 27,2 bilhões. Ou seja, os investidores retiraram mais dinheiro do que aportaram desde que, no dia 30 de março de 2023, o governo começou a discutir a possibilidade de taxar os fundos exclusivos.
Os maiores saques foram registrados em fundos de renda fixa, com um recuo de R$ 18,1 bilhões. Nos multimercados, o saldo negativo foi de R$ 8,8 bilhões e, nos fundos de ações, os saques líquidos foram de R$ 302 milhões. Para efeito de comparação, no ano passado, a captação líquida dos fundos exclusivos ficou positiva em R$ 6,1 bilhões.
Entenda a movimentação
O objetivo do governo é aproveitar a segunda fase da Reforma Tributária para seguir com as mudanças nesse tipo de investimento, geralmente utilizado por famílias de alta renda. Atualmente, os tributos só precisam ser pagos quando o fundo é encerrado. Ou seja, uma família pode multiplicar seu patrimônio ao longo de diversas gerações e só se preocupar com o Leão no término dessa operação financeira.
Com a mudança, que deve ser enviada ao Congresso junto com o Orçamento de 2024, pode ser implementando uma espécie de “come-cotas” nessas aplicações, de forma similar ao que ocorre com a maioria dos fundos no Brasil.