Por: Ana Luiza Serrão
O cenário desafiador do varejo, a maior concorrência diante da expansão de gigantes asiáticas, como Shein e Shopee, e as incertezas sobre impactos da reforma tributária no setor têm deixado analistas cautelosos quanto às perspectivas das ações das Lojas Renner (LReN3), mesmo com os papéis no menor nível em anos.
Hoje, por volta de 14h12, as ações da maior varejista de moda do Brasil, que já chegou a ser a “queridinha” do mercado, operavam em queda de 1,59% na B3, a R$12,80, no menor valor desde abril de 2016; enquanto o Ibovespa caía 0,07%, a 114.108 pontos. Em 12 meses, Renner ON acumula queda de 52,15%, e as perdas em 2023 somam 35,74%.
Em tese, isso poderia significar que a ação da varejista está muito barata, mas diversos analistas disseram à Mover que esse parece ainda não ser o melhor momento para começar a investir na companhia.
“O ponto crucial aqui é entender um pouco do ambiente competitivo, porque é um momento sem precedentes que essas empresas do varejo de moda estão vivendo”, disse Lucas Rietjens, da Guide Investimentos. “A Renner nunca esteve nesse ambiente competitivo, e, justamente por conta disso, ela deve valer menos do que valeu historicamente, quando olhamos para múltiplos”.
O analista do TC Matrix, Malek Zein, também não vê a Lojas Renner negociar a um preço de “barganha” ainda apesar de a empresa mostrar desempenho, em termos de resultados, superior aos pares, como Lojas Marisa, C&A e Guararapes.
“Hoje, o status de ‘queridinha’ vem sendo desafiado pela entrada de um novo concorrente forte, a Shein, além de expectativas de aumento de impostos que trazem mais incerteza ao setor”, disse Zein.
Também de olho na competição com empresas asiáticas, o analista da Nova Futura Investimentos, Gustavo Biserra, disse que a Lojas Renner “precisa olhar um pouco para esse setor on-line com mais carinho, e ver com quais medidas pode contra-atacar”.
Embora as ações da Renner tenham sido sempre negociadas com prêmio frente a rivais, há agora certo ceticismo do mercado, que vê chances de a companhia deixar de ser o nome de referência para o investidor de varejo em meio à competição que pode comprimir margens, disse Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos.
“Com essa tendência de melhora no ambiente macroeconômico, com queda de juros e uma retomada mais forte da demanda, a companhia pode se beneficiar desse movimento, assim como todo o setor. Agora, o ponto-chave que gira em torno da Lojas Renner é se ela vai conseguir sair vencedora nessa dinâmica competitiva”, afirmou Luives.
Discussões sobre reforma tributária também pesam sobre o varejo devido a dúvidas sobre como ficarão benefícios fiscais que algumas empresas detêm, relacionados ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e ao Imposto de Renda (IRPJ).
“Ainda não está muito claro como é que essa questão vai ser resolvida, isso acaba gerando um peso para todo setor de varejo e a Renner está incluída nisso”, destacou Lucas Rietjens, analista da Guide Investimentos.