Por Bruno Andrade e Patrícia Lara
Os dados recentes de inflação mostram desaceleração, mas o investidor não deve se animar com uma queda de juros já na próxima reunião do Banco Central, disse o presidente do conselho de administração da Jive Investments e ex-diretor de política monetária do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo ao Faria Lima Journal nesta quinta-feira (25).
A fala acontece após a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), que avançou 0,51%, ante Consenso TC de 0,64%. Nos últimos 12 meses, a prévia da inflação ficou em 4,07%, ante 4,16% até a medição anterior e consenso de mercado de 4,2%. O resultado foi devido à surpresa do comportamento muito abaixo do esperado dos preços de passagem aéreas.
Para Figueiredo, o dado mostra que a desaceleração da inflação tende a trazer um corte da Selic no meio do terceiro trimestre.
“Um dado só não é suficiente [para aliviar a Selic]. O mais importante são as expectativas, que têm caído marginalmente, continuarem caindo”, disse. “O BC deve reduzir a taxa de juros em agosto ou setembro. O mais provável é setembro.”
Já os especialistas do TradMap são mais cautelosos e preferem não cravar quando o corte de juros deve acontecer, visto que a expectativa é para uma alta do acumulado da inflação no segundo semestre.
Eles comentam que a tendência é de queda da inflação até junho de 2023, seguida por um aumento entre julho e setembro.
“Isso ocorre porque nos três meses entre julho e setembro de 2022, a inflação foi negativa, o que influencia o índice para baixo. A partir de julho de 2023, esses resultados negativos deixam de ser considerados no acumulado de 12 meses, proporcionando uma visão mais realista”, diz o estudo.
No entanto, Fernanda Mansano economista chefe da TRAAD, comenta que há pontos que consolidam um cenário benigno para a inflação a partir de setembro.
“O primeiro condiz ao efeito positivo da mudança de preços do combustível implementada pela Petrobras, a qual levará a menores pressões de preços na cesta do consumidor. Segundo é a desaceleração de grandes países, como os EUA, corroborando para expectativas baixistas para as commodities, especialmente o preço do petróleo internacional que soma a retomada mais fraca da atividade econômica da China para este segundo semestre”, disse Mansano.
Sendo assim, a expectativa do TradeMap é que a inflação encerre o ano em 5,79%, acima do topo da meta de inflação do BC, que é de 4,75% ao ano. O número pode ser um indicativo de que os juros podem não cair com tanta força até o final de 2023.
“O principal objetivo do aumento da taxa Selic em resposta à alta inflação é controlar o aumento dos preços e levar a inflação para a meta”, conclui o TradeMap.
Quer ler mais sobre o mercado financeiro? Clique aqui e leia mais.