Por: Felipe Corleta
O economista e ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central, Tony Volpon, disse em entrevista à TC Rádio hoje que se a mudança de metas de inflação representar uma trégua na polêmica entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Banco Central, ele espera que a alteração aconteça logo.
“Se o governo deseja mesmo uma política monetária mais frouxa, e não somente um inimigo político, o caminho seria mesmo mudar as metas de inflação de 2024 e 2025 para 4%, mas cessar os ataques ao BC”, escreveu Volpon hoje em sua conta no Twitter. Para ele, caso a polêmica continue pressionando a curva de juros, é plausível pensar em uma recessão no Brasil.
Na entrevista à TC Rádio, Volpon afirmou que as nomeações de diretores do BC causam mais riscos aos mercados do que efetivamente a revisão da meta de inflação – caso esta seja acompanhada de um “estancamento” da crise entre a autarquia e o governo.
Volpon disse ainda que a nomeação do diretor de Política Monetária que irá substituir Bruno Serra, cujo mandato se encerra no final de fevereiro, pode ser de um profissional de carreira da autarquia. Volpon aposta que o nomeado deve ser um meio termo entre alguém de mercado e um economista contrário à gestão do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto. A decisão do escolhido para esta diretoria é prerrogativa do presidente da República, e é aguardada por investidores nas próximas semanas.
“Gleisi Hoffmann está 100% certa em discutir a política monetária”, disse Volpon, para quem o BC tem o dever de se explicar à sociedade em relação às taxas de juros. Ele afirmou ainda que “a polêmica é muito danosa”, trabalha contra o governo, e resulta em um “jogo de soma negativa” onde todos perdem com juros mais altos e custos econômicos.
Em relação à ata do Copom, divulgada na semana passada, Volpon afirmou que teria sido adequado que o BC incluísse um cenário alternativo mais otimista, considerando a efetivação do pacote fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) em janeiro.
Volpon disse que espera que o arcabouço fiscal prometido pelo governo seja delineado por uma meta de endividamento na relação dívida/PIB e guiada pelo resultado primário. “A cara é essa, resta saber a parametrização e se a nova regra fiscal irá constringir o orçamento de 2024”.