Reunião do CMN pode mexer com o Ibovespa nesta quinta-feira

Os mercados no exterior operam sem direção nesta manhã

B3/Reprodução
B3/Reprodução

Por: Felipe Corleta

Em uma quinta-feira de agenda econômica recheada, os investidores brasileiros direcionam atenções à reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), em que deve ser discutido o modelo e o patamar das metas de inflação no Brasil. Além disso, serão divulgados o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), seguido de coletiva do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o Produto Interno Bruto (PIB) final dos EUA do primeiro trimestre.

Os mercados no exterior operam sem direção nesta manhã: as bolsas asiáticas fecharam em geral no vermelho; as bolsas europeias registram leves altas, impulsionadas por ações dos setores de utilidade pública, tecnologia e bancos; e os futuros dos índices acionários americanos sobem levemente, com ações de fabricantes de microchips em alta no pré-mercado.

Os rendimentos dos títulos da dívida americana sobem, com os rendimentos do título do Tesouro americano de 10 anos em alta de 4,8 pontos-base a 3,758%. O petróleo tipo Brent operava estável, perto de US$74,00 por barril. O minério de ferro saltou 0,9%, a 830,5 iuanes (US$114,71), maior patamar em 15 semanas, após analistas sinalizarem que as exportações de aço chinesas podem ser as maiores desde 2016. Há, ainda, expectativas de mais anúncios de estímulos econômicos no país.

Nesta madrugada, o presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, disse que a economia americana enfrenta desafios com o aperto das condições de crédito, mas que “o processo de levar a inflação à meta de 2,0% tem um longo caminho a percorrer”. Ele estima que o núcleo da inflação de maio, a ser divulgado na sexta-feira, mantenha-se estável em relação a junho na comparação de 12 meses, em 4,7%.

No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ontem em entrevista à jornalista Miriam Leitão que discutirá hoje com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e com Campos Neto o modelo do sistema de metas de inflação, para abandonar o ano-calendário e adotar uma meta contínua. Além disso, o encontro deve definir o patamar da meta para 2026. Haddad também confirmou a ampliação do programa de subsídios tributários para a compra de carros.

Na agenda de dados, o RTI será divulgado às 8h00 e as falas de Campos Neto são esperadas para as 11h00. Também às 8h00, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulga o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de junho e as sondagens de comércio e serviços. Às 9h00, saem dados de inflação ao consumidor na Alemanha, e o Tesouro Nacional divulga o Resultado Primário do Governo Central no Brasil.

Às 9h30, o Departamento de Trabalho dos EUA divulga a leitura final do PIB americano, com consenso apontando para 1,4% de crescimento trimestral. O dado é acompanhado de informações trimestrais de inflação e dos pedidos semanais de seguro-desemprego, cuja expectativa é de 265 mil.

Às 10h00, saem dados da criação líquida de empregos no Brasil, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que será seguido de falas do ministro do Trabalho, Luiz Marinho. O consenso aponta para a criação líquida de 194 mil empregos no Brasil em maio.

À noite, saem índices de gerentes de compras (PMIs) da China, que podem guiar o sentimento dos investidores a respeito da retomada econômica da potência asiática.

Também hoje, o Tesouro Nacional realiza leilão tradicional de títulos, com oferta de prefixados – ou Letras do Tesouro Nacional (LTNs) – para 2023, 2025 e 2026. O Banco Central, por sua vez, realiza rolagem de até 16 mil contratos de swaps cambiais e de até R$4 bilhões em notas compromissadas de três meses.

Ontem, os mercados de câmbio e bolsa no Brasil registraram continuidade da dinâmica de correção face os ralis recentes do real e do Ibovespa, com o índice em 116.681 pontos e o câmbio em R$4,85. O principal índice da B3 encontra suporte na região dos 115 mil pontos e o dólar à vista, resistência em R$4,88, apontam especialistas em análise técnica do TC.

Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura. Fique de olho na cobertura dos indicadores e eventos mais importantes na agenda TC nos terminais da Mover e TC Economatica.

MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 subiam 0,21%, 0,20% e 0,25%, respectivamente.

O Índice Stoxx Europe 600 subia 0,15%, com as ações de utilidades liderando os ganhos. O índice alemão DAX ganhava 0,01% e o britânico FTSE100 caía 0,23%%.

O dólar americano não tinha direção clara ante a maioria das moedas observadas pela Mover, com o índice DXY estável em 102,96 pontos. Algumas moedas de países emergentes, como o peso mexicano, e de países ligados à exportação de commodities, como o dólar australiano, se valorizavam frente à divisa americana.

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong caiu 1,24% e o Shanghai composto caiu 0,22%. O índice Nikkei 225 da bolsa de Tóquio subiu 0,12%.

O Bitcoin sobe 0,34% nas últimas 24 horas, a US$30.435,00; o Ethereum cai 0,28% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

A dinâmica técnica do mercado aponta para continuidade do movimento de correção da bolsa, mas os dados da agenda econômica que devem direcionar os negócios na sessão de hoje.

O dólar futuro pode reagir aos dados do RTI. Há expectativa de alívio da alta apresentada ontem, mas a reunião do CMN tem potencial de estressar o mercado de câmbio.

Os contratos de juros futuros na B3 devem seguir dados do IGP-M e refletir expectativas dos investidores sobre as metas de inflação.

DESTAQUES

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou nesta quarta-feira que a inflação ainda se encontra muito acima da meta de 2,0%. Ela também disse ter a intenção de viajar para a China. (Reuters)

Os maiores bancos de Wall Street passaram pelo teste de estresse anual aplicado pelo Federal Reserve, com as 23 maiores instituições mostrando capacidade de suportar uma recessão global e severa turbulência nos mercados imobiliários. Os critérios para o teste deste ano foram anunciados antes do colapso bancário, em março. (Agências)

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou nesta quarta-feira que o banco central poderia elevar os juros por duas reuniões consecutivas – julho e setembro – para combater uma pressão de preços e uma resiliência do mercado de trabalho. Ele também reconheceu ser “certamente possível” que se concretize o cenário em que a economia americana entre em recessão, embora não o “mais provável”. (Mover)

As companhias ligadas ao setor doméstico – como MRV, Renner e Natura – têm uma boa chance de entregar retornos fortes pelos próximos dois anos, após o pico da Selic batido neste ano, segundo alguns gestores ouvidos pela Mover. (Mover)

A inflação ao consumidor na Espanha atingiu 1,9% anual em junho, sendo a primeira leitura de inflação na Zona do Euro abaixo da meta do Banco Central Europeu desde a última onda inflacionária pós-Covid. (FT)

O julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível pode ser definido nesta quinta-feira. A partir das 09h00, os ministros iniciam seus votos. (Estado).