Relator do arcabouço no Senado, Aziz indica que mudará texto para abrir espaço fiscal de R$ 40 bilhões

Com mudanças, texto volta à Câmara

Pedro França/Agência Senado
Pedro França/Agência Senado

Por Simone Kafruni

O relator do projeto de lei complementar do arcabouço fiscal no Senado, Omar Aziz (PSD), indicou que mudará o texto do seu relatório para abrir um espaço fiscal de R$40 bilhões no Orçamento de 2024. Isso porque, da forma como o projeto saiu da Câmara, seria necessário um corte de R$32 bilhões a R$40 bilhões, que as alterações do relator pretendem reverter.

Aziz participou da reunião de líderes do Senado com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), além de secretários das pastas.

O relator confirmou que pretende promover três modificações em seu parecer: retirar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) do limite de gastos; e mudar o marco temporal de cálculo da inflação. “Ainda não foi decidido se será de dezembro a novembro. Isso o Senado vai decidir ainda”, destacou.

A Câmara alterou a referência para o cálculo da inflação de janeiro a dezembro do ano anterior ao Orçamento, proposta pelo governo, para 12 meses encerrados em junho do ano anterior. O argumento nesse último caso, é que o dado é consolidado, enquanto na proposta do governo é projetado.

Com a mudança do marco temporal, é possível aumentar ou não o dado de inflação, abrindo um espaço maior para gastos, uma vez que as regras fiscais permitem a alta de despesas conforme a inflação do exercício anterior.

Haddad afirmou que a equipe econômica prestou esclarecimentos técnicos para que os senadores possam deliberar sobre o texto. “Qualquer mudança, o projeto volta para a Câmara, o que significa dizer que é bom que haja entrosamento prévio. Tivemos vitória de quase 400 parlamentares na Câmara. Se porventura voltar para lá, queremos que isso seja visto como um gesto de aprimoramento.”

Já Tebet detalhou que, no aspecto contábil, o corte de R$32 bilhões a R$40 bilhões deve ser feito na Lei Orçamentária Anual. “Mas a Câmara nos deu uma válvula de escape. A depender do segundo relatório bimestral do ano que vem, se nós tivermos uma melhora da receita, podemos mandar um PLN [Projeto de Lei do Congresso] em maio, abrindo esse espaço fiscal”, explicou.

A única dificuldade nesse caso, segundo a ministra, será a execução, até maio, das despesas discricionárias. Tebet também alertou que, se o arcabouço não for aprovado logo, o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) precisará de mais tempo para ser elaborado, pois é confeccionado com base nas regras fiscais vigentes.

“Se atrasar aqui, vamos ter que pedir ao Congresso para apresentar o PLOA no segundo semestre”, ressaltou. A data limite para enviar o PLOA é 31 de agosto.

Os ministros também deixaram claro que a questão dos fundos é uma decisão política do Congresso, entre Câmara e Senado. O projeto enviado pelo Ministério da Fazenda, no entanto, também não submetia Fundeb e FCDF ao limite de gastos. Isso foi modificado na Câmara.

Aziz prometeu apresentar seu relatório na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado na próxima terça-feira. “O texto já tem 55 emendas. Vou me debruçar sobre elas, mas acho que conseguiremos votar, no máximo, até quarta-feira, 21 de junho”, disse.

Pacheco afirmou que assim que a CAE aprovar o texto, ele pautará o arcabouço fiscal no Senado. “Se a CAE apreciar na terça, dia 20, temos condições de levar direto a plenário”, disse. “Se houver modificação, retorna à Câmara”, lembrou.