Por Reuters
O primeiro voo de repatriação de brasileiros que estavam em Israel chegou à base aérea de Brasília na madrugada desta quarta-feira, com 211 brasileiros que estavam na região onde é travada uma guerra entre Israel e o grupo militante palestino Hamas.
Minutos antes da chegada da aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse a jornalistas que o governo brasileiro irá retirar todos os brasileiros que estão não só em Israel, mas em seu entorno, que quiserem retornar ao país.
“Esse é o primeiro de muitos voos. Algumas pessoas perguntam quantos voos nós vamos realizar, vamos trazer todos os brasileiros que estão na região. Esse é o primeiro que vem de Tel Aviv, mas o Itamaraty já está fazendo contato com países vizinhos para ver se nós deslocamos os outros brasileiros que estão no entorno”, disse Múcio.
“O presidente Lula tem orientado para que não fique nenhum brasileiro, todos que desejem voltar que nós possamos dar condições”, acrescentou.
De acordo com a embaixadora Maria Laura da Rocha, ministra substituta das Relações Exteriores, há ainda cerca de 2.500 brasileiros em Israel e 50 na Faixa de Gaza, que vem sido duramente atacada pelas forças israelenses desde os ataques realizados pelo Hamas no sábado. Ela assegurou que o objetivo do governo brasileiro é trazer todos de volta.
O comandante da FAB, brigadeiro Marcelo Damasceno, disse que as autoridades brasileiras estão estudando a melhor rota para retirada dos brasileiros da Faixa de Gaza, assim como da Cisjordânia ocupada.
“Inicialmente imaginávamos a cidade do Cairo, mas é uma distância longa, tem alguns checkpoints a serem cruzados. Estamos analisando dois aeroportos a norte e nordeste do Egito com boas possibilidades de atendimentos aos nossos brasileiros que estão na Faixa de Gaza, assim como o pessoal que está na Cisjordânia”, afirmou.
Além da aeronave que chegou nesta madrugada, um segundo avião pousou em Tel Aviv às 14h05 (horário local) desta quarta-feira, para transportar brasileiros com destino ao Rio de Janeiro, e um terceiro já decolou para resgatar mais brasileiros que estão na região.
Uma de 211 brasileiros que estava na primeira leva de repatriados, Maynara da Silva contou que, ao ouvir pela primeira vez as sirenes que alertavam sobre o ataque pensou se tratar de um treinamento e, somente quando caminhava para o abrigo, viu um míssil sobre Jerusalém sendo destruído pelo sistema de proteção israelense Domo de Ferro.
“Nessa explosão a gente sentiu o impacto. Foi uma correria, a gente conseguiu se abrigar”, disse. “Foi muito difícil a sensação, e aí a gente começou a receber as primeiras notícias do que realmente estava acontecendo, que foi declarada uma guerra e começou o confronto”, relatou.
Na terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores informou a morte de dois cidadãos brasileiros — Ranani Nidejelski Glazer, natural do Rio Grande do Sul, e Bruna Valeanu, nascida no Rio de Janeiro. Os dois estavam em um festival de música eletrônica realizado em um local a 20 quilômetros da Faixa de Gaza e que foi alvo de um atentado do Hamas.
No domingo, o Itamaraty havia informado que três brasileiros estavam desaparecidos após militantes do Hamas atacarem o festival de música eletrônica. Um quarto brasileiro ficou ferido, mas já havia recebido alta, de acordo com o ministério.
A guerra entre Israel e Hamas, iniciada no sábado quando o grupo militante realizou ataques surpresas com mísseis e com homens armados por terra em território israelense já matou mais de 2.250 pessoas dos dois lados.
O número de mortos em Israel chegou a 1.200 e mais de 2.700 ficaram feridos, segundo as Forças Armadas do país. Ataques retaliatórios de Israel contra a Faixa de Gaza mataram 1.055 pessoas e feriram 5.184, segundo o Ministério da Saúde local.
Israel, que ordenou um cerco total ao enclave, realizou ataques aéreos durante toda a noite à região em uma possível preparação para um ataque terrestre.
(Reportagem de Isadora Machado e Lisandra Paraguassu)