Por Stéfanie Rigamonti
O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), disse, nesta segunda-feira, que o Porto de Santos foi tão degradado ao longo do tempo que não é a privatização que vai melhorar a situação da autoridade portuária.
Durante a Arko Conference, que acontece em São Paulo, França fez um paralelo do Porto de Santos com um carro velho, dizendo que, mesmo quando este é vendido, se sua situação está muito ruim, o novo dono não conseguirá melhorar sua situação.
França defendeu uma maior integração das comunidades que ficam no entorno dos portos, argumentando que, hoje, elas não se beneficiam das riquezas geradas pela atividade econômica desses locais.
Segundo o ministro, o governo atual não tem preconceitos com privatização, desde que esta seja estratégica para a União e ocorra a um preço justo.
Com relação aos aeroportos, França disse que esse é um serviço essencial para a integração nacional e que não pode dar lucro, comparando o segmento com escolas e hospitais. Segundo o ministro, esse tipo de serviço público deve ser mantido por meio de impostos arrecadados.
O ministro ainda criticou a desestatização dos aeroportos brasileiros. “Nossos aeroportos não foram privatizados, mas desnacionalizados”, argumentou. Segundo França, 90% das outorgas foram conquistadas por empresas públicas de outros países. Para ele, isso não é necessariamente ruim, mas passa a falsa impressão de que o que vem do exterior é melhor. “Nada que é nosso serve, precisa importar?”, questionou.
França também comentou a separação dos modais aéreo e hidroviário em um ministério, e o de rodovias em outra pasta, algo que foi criticado por especialistas e agentes do setor de transportes. Segundo o ministro, essa separação ocorreu para que seja possível valorizar cada um dos modais. “O presidente sabe da importância de cada um deles”, afirmou.
O político também falou da importância de incentivar mais as hidrovias, por ser o modal mais barato de todos. E destacou o aumento previsto pela Proposta de Emenda à Constituição da Transição de investimento para esse modal, passando de R$4 milhões no ano passado para R$550 milhões apenas neste ano. “Ou seja, não temos problemas de recurso”, ponderou.