Por Luciano Costa
Os planos da Petrobras para investimentos em energia eólica offshore, oficializados ontem, poderão beneficiar a catarinense WEG no médio prazo, ao abrir um novo segmento de mercado para a fabricante de equipamentos elétricos, disseram analistas do Itaú BBA. Já na avaliação do BTG Pactual, os investimentos em diversificação têm o potencial de afetar negativamente a distribuição de dividendos aos acionistas da petroleira estatal.
A Petrobras divulgou na segunda-feira uma carta de intenções com a norueguesa Equinor prevendo que as empresas avaliarão em conjunto sete possíveis projetos eólicos na costa brasileira, que poderiam somar 14,5 gigawatts em capacidade instalada, destacando que a decisão de investimento ainda não está tomada.
A WEG hoje não atua no segmento de eólica offshore, fornecendo equipamentos apenas para usinas em terra, mas a capacidade de inovação da empresa permitiria a ela entrar nesse nicho, afirmou a equipe do Itaú BBA, liderada por Daniel Gasparete.
A carteira de projetos eólicos da Petrobras teria o potencial de gerar de R$5 bilhões a R$10 bilhões em receitas para a WEG, ou cerca de R$1,4 bilhão anuais nos próximos 15 anos, equivalentes a 3% da receita projetada para este ano, considerando-se uma participação de 20% da empresa no mercado offshore, segundo relatório do banco divulgado hoje.
Os cálculos levam em consideração investimentos estimados de R$18,5 bilhões por GW para os parques eólicos da Petrobras, com os analistas destacando também que a provável preferência da companhia por fornecedores locais apoiaria ainda mais as chances da WEG de obter receitas extras no setor.
Para os analistas do BTG, liderados por Pedro Soares, o anúncio de ontem da Petrobras está em linha com a nova estratégia da WEG, que recentemente passou a colocar mais ênfase em negócios ligados a renováveis, mas ainda não é possível estimar impactos de curto prazo sobre a empresa, uma vez que sequer existe regulamentação fechada para projetos eólicos offshore no Brasil.
O time do BTG projetou que erguer os sete parques eólicos que estão no radar da Petrobras poderia exigir de R$218 bilhões a R$290 bilhões, sem que esteja claro ainda qual seria a participação da cada empresa nos empreendimentos.
Ainda segundo o BTG, os projetos têm potencial para se mostrar lucrativos no futuro, mas investidores “deverão reagir com preocupação a tais anúncios, principalmente se a Petrobras continuar explorando segmentos além de suas tradicionais operações de exploração e produção no Brasil”.
“Se a Petrobras deseja entrar em uma nova fase de expansão, ela precisaria direcionar seu fluxo de caixa livre para investimentos. Isso poderia potencialmente resultar em uma redução dos dividendos”, alertaram os analistas em relatório com data de ontem.