Por Luciano Costa
A Petrobras (PETR4) está praticando margens perto de zero ou negativas em sua divisão de refino no momento, devido ao atual preço de venda de combustíveis, segundo relatórios de analistas de bancos de investimentos. Os combustíveis estão no maior patamar de defasagem ante a paridade internacional desde meados do ano passado.
“Acreditamos que a Petrobras pode estar na iminência de um aumento nos preços dos combustíveis no Brasil, especialmente para manter o mercado equilibrado e evitar desabastecimento, particularmente no diesel, dado que 25% da oferta vem de importações”, escreveram analistas do Goldman Sachs, em relatório divulgado hoje.
Embora a Agência Nacional do Petróleo (ANP) descarte risco de abastecimento, há alguns relatos de dificuldades de revendedores e transportadoras para compra de diesel em determinadas regiões, conforme relatado pela Mover nesta semana.
A equipe do BTG Pactual estimou que o diesel da Petrobras está com defasagem de 27% ante a paridade, e calculou que as margens de refino “estão agora possivelmente perto de zero, ou até mesmo negativas, se levarmos em conta o custo de oportunidade de refinar combustível”.
“Assim, acreditamos que qualquer reajuste de preço teria um impacto limitado no modo como os investidores percebem o preço da ação hoje”, escreveram os analistas do BTG, em relatório ontem.
O TC Matrix estimou em relatório de 3 de agosto que a Petrobras poderia estar começando a operar no prejuízo na divisão de refino, com margem negativa de 1,2%.
“Nesse sentido, estimamos que a Petrobras deixe de ganhar R$13,8 bilhões em receitas e deixe de gerar R$9 bilhões em lucro líquido, isto apenas no terceiro trimestre, se a companhia seguir com os preços atuais, sem reajustes no decorrer do trimestre”, escreveu o analista Arlindo Souza.
A estimativa está em linha com os cálculos apresentados há duas semanas pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis, e publicados pela Mover com exclusividade. Segundo a Abicom, a Petrobras estaria “deixando na mesa” R$13,5 bilhões a cada trimestre.