Por: Luciano Costa
A Petrobras (PETR4) já dispendeu mais de meio bilhão de reais com a mobilização de equipamentos, recursos e pessoas à espera de um aval para a primeira perfuração na nova fronteira exploratória conhecida como Foz do Amazonas, disseram fontes à Mover, em uma conta que ainda vai aumentar, com a companhia à espera de licença ambiental do Ibama para os trabalhos.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis rejeitou na semana passada pedido da Petrobras para o licenciamento, alegando riscos devido às características ambientais e sociais da região. A estatal disse que irá recorrer até 24 de maio.
A petroleira chegou a afirmar que, diante da negativa do Ibama, moveria a sonda e os recursos mobilizados na chamada Margem Equatorial para outras áreas, mas depois aceitou manter as estruturas até 29 de maio, devido a um pedido do Ministério de Minas e Energia.
“A partir dessa data, sem uma manifestação conclusiva do Ibama, a Petrobras incorrerá em custos adicionais injustificados, que demandarão o direcionamento da sonda e demais recursos mobilizados na região do bloco FZA-M-59, para atividades da companhia em bacias na região Sudeste”, afirmou a estatal em comunicado na sexta-feira.
A mobilização na Foz do Amazonas tem custado à Petrobras cerca de R$3,4 milhões por dia desde 18 de dezembro, quando a companhia começou a se preparar para uma avaliação pré-operacional da região, disseram fontes à Mover.
Procurada, a Petrobras não fez comentários adicionais em relação a comunicados já divulgados sobre o tema.
Um diretor substituto do Ibama, Régis Fontana Pinto, defendeu, antes da negativa da licença, que a Petrobras fosse autorizada a realizar essa avaliação, para testar as estruturas de resposta da companhia a eventuais acidentes. Ele argumentou ainda que uma decisão final sobre a exploração na nova fronteira seria “uma avaliação político-estratégica a ser tratada em arena diversa do licenciamento ambintal”, segundo documento visto pela Mover.
Após o Ibama negar o pedido de licença à Petrobras, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido), anunciou que deixará seu partido, a Rede Sustentabilidade, mesma legenda da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, por discordância com a decisão.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, disse a jornalistas que os planos da Petrobras poderão ser vetados “se explorar esse petróleo tiver problema para a Amazônia”.”Mas eu acho difícil, porque é a 530 quilômetros de distância da Amazônia, sabe?”, afirmou, após participação em cúpula do G7 no Japão.
Em sua passagem anterior pelo Ministério de Meio Ambiente, em governo também comandado por Lula, Marina Silva pediu demissão em maio de 2008, devido a desentendimentos com a Casa Civil, da ministra Dilma Rousseff, sobre o licenciamento ambiental das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau.
*Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 10H22min, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC