Por Gabriel Ponte
A maioria dos investidores espera que a geração de empregos nos Estados Unidos tenha desacelerado em junho. No entanto, recentes surpresas de alta nesse dado dificultam a capacidade de projetar com precisão a resiliência da economia americana, e investidores não descartam a hipótese de um dado mais forte do que o esperado, mesmo após o Federal Reserve aplicar o mais rápido ciclo de aperto monetário desde 1980.
Os dados do mercado de trabalho serão divulgados amanhã, às 9h30, no relatório formal de empregos dos EUA, conhecido como Payroll. A expectativa é uma criação líquida de 225 mil postos de trabalho em junho, segundo o consenso Mover, ante 339 mil vagas abertas em maio. No entanto, neste ano, das cinco divulgações do Payroll, quatro superaram o consenso, sinalizando a força do mercado de trabalho.
As projeções colhidas pela Refinitiv variam desde a geração de 110 mil até 288 mil postos. Já a Capital Economics aponta para uma geração de 250 mil postos de trabalho em junho, embora reconheça a possibilidade de que o número de vagas criadas possa permanecer “bastante resiliente” em comparação aos dados de maio.
Embora chame a atenção, uma eventual surpresa de alta nos dados desta sexta viria em linha com outros números fortes do mercado de trabalho dos EUA. As empresas americanas criaram quase 500 mil postos de trabalho em junho, segundo dados da ADP divulgados nesta quinta-feira – a maior quantidade registrada em mais de um ano e bem acima do consenso projetado, de 228 mil postos.
Em outra ponta, os pedidos semanais de auxílio-desemprego subiram 12 mil na semana encerrada em 1 de julho, a 248 mil, acima do consenso Mover, de 245 mil. Ainda assim, o dado ficou abaixo das médias históricas e dos picos registrados nas primeiras três semanas de junho, um indício de que o mercado de trabalho segue apertado.
Os membros do Federal Reserve que defenderam, em junho, a elevação de 25 pontos-base na taxa de juros americana apontaram justamente o mercado de trabalho “muito apertado” como argumento. Na semana passada, o presidente do Fed, Jerome Powell, reconheceu que a economia tem se mostrado resiliente e afirmou que o mercado de trabalho tem impulsionado a economia.
O consenso Mover também aponta que os custos da folha de pagamento devem desacelerar, com ligeira queda no comparativo anual, a 4,2%, ante variação de 4,3% em maio. Na base mensal, os salários devem manter ritmo de alta, em 0,3%. A taxa de desemprego deve recuar ligeiramente, a 3,60%, ante 3,70%. O número de horas trabalhadas semanais deve se manter em 34,3.
Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 14H23, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.