Veja os principais destaques políticos que podem impactar os mercados

Enquanto arcabouço fiscal ainda é incógnita, governo volta a atacar juros altos

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Por: Stéfanie Rigamonti

Após uma série de reuniões do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), com líderes do Congresso para discutir o novo arcabouço fiscal, ainda há uma mistério em torno dos parâmetros e mecanismos desenhados para as regras que substituirão o Teto de Gastos. Parece que nenhum ator do legislativo conseguiu ter acesso ainda aos detalhes da proposta, cuja apresentação deveria ocorrer nesta semana.

Enquanto o assunto anda a passos lentos, sem perspectiva de apresentação do texto antes da reunião de juros do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que começa nesta terça-feira e vai até amanhã, diferentes vozes se uniram ontem em um seminário do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para atacar o patamar elevado dos juros no Brasil. Empresários, economistas e integrantes do governo fizeram coro ao criticar a manutenção da taxa Selic em 13,75%.

A seguir, confira as notícias do mundo político que podem ter algum impacto hoje nos mercados. Para mais informações, siga a cobertura dos principais acontecimentos nos terminais Mover e TC Economatica.

DESTAQUES DO DIA

O ministro Haddad disse ontem que está torcendo para que o novo arcabouço fiscal fique pronto e seja divulgado ainda nesta semana, antes da viagem que fará junto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à China. “O anúncio do arcabouço pode ser feito a qualquer momento, depende do presidente Lula que me pediu essas reuniões”, disse o ministro em referência a encontros com os presidente da Câmara, Arthur Lira (PT), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PP), além de líderes do governo no Congresso. (Mover)

Mas Pacheco teria dito ontem a parlamentares que as discussões do novo marco fiscal devem continuar depois do retorno de Lula da China, previsto para o dia 1º de abril. O presidente embarca neste fim de semana para o país asiático com uma comitiva de empresários e políticos. (Uol)

Três fontes corroboraram a informação à Mover. Segundo essas fontes, o projeto de novo arcabouço fiscal pode ser apresentado somente após o retorno da comitiva presidencial da viagem à China por conta do risco de morrer logo no nascedouro, apesar da corrida de Haddad para explicar suas ideias e colher sugestões com lideranças políticas. A dificuldade em articular uma base política governista no Congresso Nacional e o próprio fogo amigo de correligionários — que defendem uma política de gastos expansionista e não querem uma regra fiscal que engesse investimentos públicos — criam um ambiente hostil para a apresentação da nova âncora. (Scoop by Mover)

Sem perspectiva de ter uma sinalização positiva do Copom com relação ao novo arcabouço fiscal, integrantes do governo, junto de empresários e economistas, utilizaram o seminário de ontem do BNDES para armar uma trincheira de ataque aos juros altos. O vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), disse que o atual patamar de juros não se justifica e que já tem gordura para um corte da taxa Selic. Alckmin ainda cobrou “bom senso” do Banco Central. (Agências)

ECONOMIA

No mesmo evento, o vice-presidente disse que que o novo arcabouço fiscal terá como base a curva da dívida, o superávit e o controle de gastos. “O governo encaminha nos próximos dias o projeto de ancoragem fiscal que vai combinar curva da dívida, de outro lado superávit e de outro lado o controle do gasto. É uma medida inteligente e bem feita”, afirmou. (Reuters)

O presidente Lula voltou a criticar ontem o conceito do que é gasto público e do que é investimento, dizendo que os cursos de economia precisam repensar os termos, e defendeu que os setores da saúde e da educação fiquem totalmente fora do Teto de Gastos. Durante a cerimônia de relançamento do programa Mais Médicos, Lula disse que não se pode conter gastos relacionados à saúde em nome da responsabilidade fiscal. (Mover)

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), embarcou ontem em direção à China, antes da ida de Lula ao país asiático, com uma comitiva de 102 representantes do setor privado, entre eles grandes exportadores do agronegócio, sobretudo de carne bovina. Fávaro está com uma extensa agenda a cumprir em Pequim. Entre os empresários que constam na lista da delegação brasileira estão os irmãos Joesley Batista e Wesley Batista, da J&F, controladora da JBS. Executivos da BRF, Friboi e Minerva também estão listados. (Estado)

O governo federal marcou reunião com os bancos para sexta-feira para discutir a taxa de juros do consignado do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). O novo percentual ainda não está definido, mas deve ficar entre 1,9% e 2%. A postura representa um retrocesso parcial da decisão do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), que determinou a redução da taxa máxima de juros do empréstimo consignado para beneficiários na semana passada, o que desagradou as instituições financeiras. (Agências)

ESTATAIS

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos aprovaram uma paralisação na próxima sexta-feira, em protesto contra a venda de ativos pela Petrobras. Em comunicado, o grupo defendeu que indicados pela União ao conselho da companhia votem pela suspensão das privatizações. (Mover)

AGENDA

O presidente Lula vai ceder entrevista ao vivo ao portal 247, às 09h30.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participará da reunião para apresentação do Grupo Neoenergia e para falar de investimentos no Brasil, às 10h30.

Haddad estará no seminário do BNDES “Uma Estratégia de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”, às 11h40.

Haddad se reunirá com a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, às 15h00.

Lula participará da celebração “20 anos das políticas de igualdade racial no Brasil: da SEPPIR ao MIR”, às 15h00.

O ministro Haddad se reúne com representantes do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (SINDAÇÚCAR), às 17h00.