Por: Marcio Aith
Na próxima terça-feira, Câmara dos Deputados e Senado Federal elegerão seus presidentes para novos mandatos de dois anos. Na Câmara, tudo indica que Arthur Lira (PP-AL) vai se reeleger, derrotando Chico Alencar (PSOL-RJ).
A verdadeira disputa é no Senado, onde o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), enfrenta uma batalha ferrenha, voto a voto, contra Rogério Marinho (PL-RN). Pacheco tem a caneta na mão e teve cargos para distribuir nos últimos dois anos. Marinho, que foi ministro do ex-presidente Bolsonaro, é sustentado pelos herdeiros do Bolsonarismo, pela Nova Direita que domina eleitoralmente o Senado e, ao que parece, por traições.
Mesmo apoiado por Lula, Pacheco não encanta os senadores de esquerda, pois sempre defendeu temas de centro-direita. Votou inclusive pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
E, justamente por ser apoiado por Lula, sofre ataques ferrenhos de seus ex-apoiadores. Em entrevista em apoio a Marinho, o senador Flavio Bolsonaro chegou a culpar Pacheco pelos acontecimentos de 8 de janeiro. Disse ele: “Vimos tudo acontecer nos últimos meses e talvez [seja porque] quem estava sentado na cadeira de presidente do Senado não teve capacidade de promover a pacificação.”
O envolvimento de Flavio Bolsonaro no processo eleitoral no Senado e a junção, em favor de Pacheco, dos partidos que fizeram parte da base de sustentação do governo anterior refletem uma articulação para manter o Bolsonarismo vivo.
É preciso lembrar que o Senado sofreu uma enorme transformação com as eleições do ano passado, ao contrário da Câmara, que se mantém. Os partidos de centro-direita passaram a contar com 66 das 81 cadeiras disponíveis na Casa. Diretamente ligados a Bolsonaro estão PL, Progressistas e Republicanos, que reúnem 23 assentos do Senado, o que equivale a pouco mais de 28% do total