Por: Machado da Costa
Seja Bruno Eustáquio, seja Rui Altieri ou qualquer outro que venha a ser escolhido como secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, o desafio do número 2 da pasta será o mesmo: recuperar o poder nos conselhos e diretorias das companhias investidas da União, relataram ao Scoop três fontes com conhecimento do assunto.
Em especial, a Eletrobras, mas, não menos importante, a Petrobras. O diagnóstico do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), é que o governo possui muito peso na composição acionária dessas companhias, mas “manda” como um minoritário.
Há nomes de investidores, inclusive, a serem alvejados pelo governo. Victor Adler, minoritário de Eletrobras, e Lírio Parisotto, investidor profissional que já teve participações em Eletrobras, Petrobras e Vale, seriam investidores que a União não gostaria de contar como sócios em suas empresas. Na visão das fontes, são minoritários ativistas que geram má influência no Conselho.
O nome de Marcelo Gasparino, conselheiro na Eletrobras e na Petrobras, também é outro que sofrerá uma fritura por parte da União, segundo uma das fontes.
O caso da Eletrobras poderá causar furor no mercado, uma vez que a privatização, concretizada no ano passado, foi um processo que levou mais de seis anos para ser concluído e muito celebrado por investidores.
Uma manobra para que a União recupere terreno poderá frustrar os planos dos investidores, muitos deles pessoas físicas que usaram seu Fundo de Garantia do Tempo de Serviço por acreditar na tese de privatização.
“Como eu tenho 40% de uma empresa, mas só mando como se tivesse 10%? Isso é o que está na mesa para resolver”, afirmou um dos pretendentes a ocupar a secretaria-executiva do MME.
Atualmente, a União e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social detêm, conjuntamente, 40,3% das ações ordinárias da elétrica. O governo também possui 13,19% das ações preferenciais classe B.
As posições no Conselho, contudo, não refletem essa influência. A eleição do Conselho foi feita com apenas uma chapa e somente dois nomes eram alinhados à União, no ano passado. Agora, nenhum deles reflete os interesses do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A inflexão na condução das estatais também deve afetar a Petrobras. Embora o senador petista Jean Paul Prates seja o indicado pelo Palácio do Planalto para a presidência da petroleira e dá todas as dicas de que terá atuação independente do MME, a pasta não se furtará de indicar nomes para conselhos e comitês. O ministro vê a alta administração da companhia com muita influência de independentes e resistentes ao governo federal.
Procurados, o MME, a Eletrobras e a Petrobras não comentaram as informações até o momento. Adler e Gasparino não puderam responder imediatamente. Parisotto, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que seu nome foi citado indevidamente, pois não possui mais relação com a Petrobras.
(Colaboraram Luciano Costa e Bruna Narcizo)