Por: Gustavo Boldrini
A ação da Nu Holdings, controladora do Nubank, disparava no pós-mercado americano, após o banco digital reportar lucro pelo segundo trimestre seguido entre outubro e dezembro do ano passado, além de um forte crescimento na receita média com cliente e em operações de crédito. Segundo a companhia, a rentabilidade do seu negócio no Brasil atingiu um patamar histórico, acima dos pares da indústria.
Perto das 18h25, o papel da companhia avançava 9,60% no chamado “after hours” do mercado de ações dos Estados Unidos, cotada a US$5,48, após ter fechado o mercado à vista em alta de 2,67%, a US$5,00.
Em balanço divulgado na noite desta terça-feira, o maior banco puramente digital do mundo reportou lucro líquido ajustado de US$113,8 milhões no quarto trimestre do ano passado, avanço de 79% na base trimestral.
Na operação brasileira, o lucro líquido ajustado atingiu US$138 milhões, refletindo um retorno sobre o patrimônio líquido anualizado (ROE) na operação de 35%, acima dos ROEs reportados por pares do setor bancário, como Itaú e Banco do Brasil.
O resultado do banco superou a média da expectativa de analistas apurada pelo consenso Mover, de US$62,2 milhões, excluindo o efeito não-caixa da rescisão do plano de bônus de longo prazo do diretor-presidente e fundador da empresa, David Vélez, anunciada em novembro do ano passado, que entrou como uma despesa no balanço mesmo sem que haja o desembolso real do valor.
Ainda assim, sem esse ajuste, o Nubank reportou lucro líquido de US$58,0 milhões, revertendo prejuízo líquido de US$71,3 milhões registrado um ano antes. No terceiro trimestre de 2022, o banco havia lucrado US$7,9 milhões. No Brasil, especificamente, o lucro líquido subiu para US$138 milhões no trimestre.
Segundo o Nubank, o resultado foi puxado pelo aumento na rentabilização de sua base de clientes, vista por analistas do mercado como ponto-chave para a companhia se tornar lucrativa. No quarto trimestre, a receita média por cliente ativo do Nubank saltou 36% na base anual, a US$8,20.
A fintech atingiu receita total de US$1,45 bilhão no trimestre, mais que dobrando na base anual e em linha com a expectativa dos analistas, de US$1,46 bilhão. A margem financeira, que afere a receita do banco com operações de crédito e tesouraria, também mais que dobrou ano a ano, atingindo US$688,0 milhões, pouco abaixo do consenso Mover, de US$694,0 milhões.
O Nubank viu sua base de clientes ativos saltar 49% ao longo de 2022, atingindo a marca de 62,1 milhões no fim do ano. A carteira de crédito, denominada “portfólio sujeito a ganho de juros”, subiu 82% entre o quarto trimestre de 2021 e o de 2022, fechando o ano em US$4,0 bilhões. Acompanhando o crescimento da carteira, o custo dos serviços financeiros do banco, que inclui provisões para devedores duvidosos e outras despesas com juros, avançou 113% na base anual, a US$872,2 milhões.
O índice de inadimplência acima de 90 dias do neobanco terminou 2022 em 5,2%, contra 3,1% do mesmo período do ano anterior, na esteira do aumento dos juros e da inflação no Brasil, que ferem o poder de compra da população e elevam a possibilidade de calotes.
Em comunicado, o diretor-presidente e fundador do Nubank, David Vélez, disse que os resultados comprovam o sucesso da estratégia do banco de crescer sustentado por uma “elevada alavancagem operacional que resulta num aumento dos níveis de eficiência e rentabilidade”.
“Apesar dos desafios macroeconômicos de 2022, o Nu superou todas as métricas chave: manteve crescimento acelerado, ganhou participação em produtos e mercados, manteve a inadimplência sob controle em cheque por meio de sua política superior de subscrição de crédito e melhorou a alavancagem operacional”, acrescentou Vélez.
A ação do Nubank acumula queda de mais de 40% no acumulado dos últimos 12 meses, refletindo o mau humor do mercado com papéis de alto crescimento, que são mais sensíveis a altas nas taxas de juros.