Por: Simone Kafruni, Machado da Costa e Bruna Narcizo
Mesmo favorito à reeleição na Presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) ficará mais frágil na Casa Alta por bancar a indicação do senador Davi Alcolumbre (UB) para a reeleição na Comissão de Constituição e Justiça. Enquanto isso, a candidatura do senador Rogério Marinho (PL) ao Senado ganha musculatura, justamente pela insatisfação de parlamentares com a manutenção de Alcolumbre na CCJ.
Não à toa, o foco de Marinho é mudar votos do PSD, partido de Pacheco, para enfraquecer a legenda, que se tornou a maior bancada com a migração da senadora Eliziane Gama, que deixou o Cidadania.
O líder da legenda no Senado, Nelsinho Trad, já anunciou seu apoio a Marinho, apesar de o presidente do PSD, Gilberto Kassab, estar neste momento em Brasília, trabalhando para que todos os 15 votos do partido sejam direcionados a Pacheco. Mesmo assim, os senadores Samuel Araújo e Lucas Barreto, ambos do PSD, já deixaram público seu apoio a Marinho – uma vez que Barreto é adversário político de Alcolumbre no Amapá.
Um dos principais articuladores da campanha de Marinho é o senador Flávio Bolsonaro (PL). Interlocutores afirmaram ao Scoop que o parlamentar e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está jogando pesado nos bastidores, tentando reunir força política de oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O senador Izalci Lucas (PSDB) é outro cabo eleitoral de Marinho, assim como a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP). “A chance do Marinho é grande, com votos de quem quer mudança. O Senado precisa de protagonismo”, disse Lucas ao Scoop, garantindo que o voto do tucano Alessandro Vieira também é de Marinho.
Correndo por fora na disputa à presidência do Senado, Eduardo Girão (Podemos) não conta sequer com o apoio do próprio partido. Uma fonte ligada à liderança da legenda disse ao Scoop que o Podemos deve liberar a bancada no primeiro turno. “E, se houver, no segundo turno.”
O União Brasil, partido de Alcolumbre, também deve liberar a bancada, segundo uma fonte ligada a um senador da legenda, que pediu anonimato. “A bancada do UB foi liberada, porque o partido está bem dividido até o momento”, afirmou.
Sem o apoio do UB, Alcolumbre deve sofrer resistência à recondução ao comando da CCJ e, assim como o atual presidente do Senado, sairá menor do processo eleitoral da Mesa Diretora.
Mesmo com traições pontuais do PSD e do UB, e com a candidatura do Podemos para provocar um segundo turno, Pacheco ainda é favorito ao posto. Uma fonte a par das articulações no Senado afirmou ao Scoop que Marinho não tem a menor chance, porque Pacheco está dando dinheiro aos senadores via emendas individuais, as RP2.
“Chance zero. Ele deu muito dinheiro”, disse a fonte, que acredita em 57 votos para Pacheco, dos 81 possíveis, incluindo o apoio de quatro senadores, hoje ministros do governo Lula, que deixarão momentaneamente seus cargos para apoiar a sua reeleição. O MDB também já anunciou o apoio de todos os seus parlamentares a Pacheco.