Mercados sobem à espera de dados econômicos nos EUA

No Brasil, cena política domina o radar do investidor

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Por Leandro Tavres

As bolsas internacionais operam em alta nesta terça-feira, à espera de dados econômicos importantes nos Estados Unidos, que podem definir a trajetória de juros mundo afora. No Brasil, os destaques são a divulgação do relatório mensal da dívida e o avanço de pautas econômicas por parte do governo.

Na Alemanha, o índice GFK de confiança do consumidor, que tem como objetivo mensurar o apetite dos consumidores à frente, teve retração de 25,50 pontos em setembro, enquanto o consenso esperava 24,30 pontos, mostrando que não há otimismo com a maior economia da Europa. 

Mesmo com o dado fraco, os mercados europeus sobem hoje, dando continuidade ao movimento global mais positivo visto ontem, impulsionado pelos novos estímulos na China. 

Na Ásia, os mercados fecharam em alta, de olho na taxa de desemprego no Japão, que registrou uma alta de 2,70% em julho. Além disso, as bolsas ainda refletem as medidas de estímulos da China que visam reduzir pela metade o imposto sobre as transações no mercado de ações, que atualmente é de 0,1%, com o objetivo de restaurar a confiança dos investidores na segunda maior bolsa de valores do mundo, a de Xangai. 

Ainda na China, segundo a Reuters, a Country Garden, maior incorporadora privada, está buscando estender por mais 40 dias o prazo para o pagamento de um bônus onshore de US$535,3 milhões, que vence no próximo sábado. 

Outra notícia do gigante asiático está relacionada aos bancos estatais. De acordo com a Bloomberg, o Industrial Commercial Bank of China, o China Construction Bank e outras instituições financeiras avaliam adotar um corte em suas taxas de depósito em moeda local em importantes vencimentos entre 5 e 20 pontos-base. 

Nos EUA, um dia depois de uma agenda econômica esvaziada, os indicadores começam a ganhar tração a partir desta terça-feira, embora o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ainda reverbere nos mercados. O chairman afirmou, na sexta passada, que o Fed está preparado para elevar os juros e mantê-los em níveis restritivos caso seja necessário para controlar a inflação. 

Às 10h, a S&P divulga os preços dos imóveis de julho, enquanto às 11h o Departamento de Trabalho divulga a oferta de empregos em julho, medido pela Jolts. No mesmo horário, será divulgado o índice de confiança do consumidor da Conference Board, que tem consenso de 116 pontos em agosto.

Estes são alguns dos dados citados por Powell na semana passada, para os quais o Fed olha antes de decidir a política monetária nos EUA. 

Às 14h, o governo realiza mais um leilão de Treasuries, desta vez com vencimento de sete anos. Ontem, o Tesouro dos EUA colocou US$46 bilhões em leilão de cinco anos, com taxa de corte de 4,400%. Às 17h30, a API divulga o estoque semanal de petróleo.

No Brasil, a Fundação Getulio Vargas divulga, às 8h, a sondagem da indústria de agosto, que pode dar sinais do nível de atividade econômica do setor e das expectativas dos empresários. O Tesouro, por sua vez, divulga o relatório mensal da dívida pública de agosto, a partir das 14h30. 

No entanto, os olhos dos investidores estão voltados para o Congresso, após o governo enviar as propostas que alteram a tributação dos investimentos da parcela mais rica da população, por meio de fundos exclusivos, com ativos no Brasil, além de fundos offshore, com bens e aplicações no exterior. 

No Senado, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, pautou para amanhã a votação do projeto da lei do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que tem como diretriz retomar o chamado voto de qualidade. O projeto já foi aprovado na semana passada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. 

Além disso, a tão aguardada reforma ministerial deve sair do papel, uma vez que o governo, finalmente, declarou publicamente, que Silvio Costa Filho (PR) e André Fufuca (PP) ganharão cargos em ministérios, embora o desenho não esteja fechado. 

De acordo com o Estadão, outra medida para contemplar o chamado centrão será a mudança na presidência da Caixa Econômica Federal. Isso porque, segundo a publicação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que Margarete Coelho, atual diretora financeira do Sebrae. O Scoop by Mover trouxe essa informação em 21 de julho.

Ontem, o Ibovespa encerrou em alta, impulsionado por bancos e novos estímulos na China. No mercado de câmbio, o dólar fechou estável, diante da cautela dos investidores antes da divulgação de dados econômicos nos EUA. 

Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura.

MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em alta de 0,10%, 0,09% e 0,05%, respectivamente. 

O Índice Stoxx Europe 600 subia 0,70%, enquanto o índice alemão DAX tinha alta de 0,52% e o britânico FTSE-100 subia 1,54% na volta do feriado. Entre os setores, destaque para o segmento de petróleo e gás, que sobe 0,99%. 

O dólar americano opera em alta em comparação aos pares. O DXY subia 0,07%, a 104,048 pontos. No geral, as moedas operam sem direção definida, com destaque para a lira turca, que sobe 0,76%.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em queda de 8 pontos-base, a 4,200%. 

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong teve alta de 1,95, enquanto o Xangai Composto subiu 1,20%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, teve alta de 0,18%.

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, caía 1,04%, às 6h00, cotado a US$110,99, em movimento de realização após uma sequência de alta.

O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em alta de 0,69%, a US$85,00. 

O Bitcoin tinha alta de 0,25% nas últimas 24 horas, a US$25.969,10; o Ethereum subia 0,65% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir instável, com investidores de olho na baixa das commodities, exterior e avanço de pautas econômicas no Congresso. O índice tem suporte em 114 mil pontos e resistência em 121.600 pontos, segundo o BB Investimentos. 

Câmbio: O dólar futuro deve abrir em alta, de olho no diferencial de juros entre Brasil e EUA e à espera de dados econômicos. 

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de queda. Os juros futuros nos EUA operam sem baixa, no aguardo de indicadores econômicos.  

DESTAQUES

O minério de ferro deve ter dificuldades para ir além dos US$120 por tonelada neste ano, ainda que o preço da commodity tenha ganhado alguma tração nos últimos dias. O motivo são os dados fracos da economia chinesa, disse à Mover o CEO da consultoria Terraco Commodities, Gilberto Cardoso. “Neste ano, vejo o minério de ferro terminando mais próximo de US$100 por tonelada; US$90 ou US$95 se as coisas continuarem ruins”, projetou ele. (Mover) 

O Banco Central tem “olhado muito” para o núcleo de serviços, um segmento que tem apresentado um processo lento de desinflação, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ontem. Ele também disse que o último dado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA-15), reportado na sexta, “até que não veio ruim”. (Mover)

O rombo do Postalis, bilionário fundo de pensão dos Correios, será debatido nesta semana no congresso da Global Union, que reúne sindicalistas de todo o mundo. Representantes do fundo organizam uma mobilização junto a congressistas americanos para reparação dos prejuízos causados pelo banco BNY Mellon. (Folha)

A Tesla prepara-se para defender, pela primeira vez em julgamento, as alegações de que uma falha do recurso de assistência ao motorista, conhecido como “AutoPilot”, teria ocasionado a morte do ocupante de um de seus veículos, no que provavelmente constituirá em um grande teste para a tecnologia da montadora. São dois julgamentos, em um curto espaço de tempo, com o primeiro previsto para meados de setembro em um tribunal estadual da Califórnia. (Reuters)

A montadora elétrica chinesa BYD afirmou nesta segunda-feira que sua unidade de eletrônicos fechou um acordo com a fabricante americana Jabil Inc para comprar seu negócios de bens eletrônicos industriais por US$2,2 bilhões. O acordo expandirá a base de clientes da BYD Electronic, portfólio de produtos da companhia para smartphones. (Agências)

O Goldman Sachs projeta que o iene se enfraqueça ante o dólar a níveis não observados desde a década de 1990 se o Banco do Japão (BoJ) permanecer com sua política monetária ultra frouxa. Ao longo dos próximos seis meses, o iene deve atingir a cotação de 155 por dólar – o menor nível desde junho de 1990. (Agências)

Avanço de reformas é visto com otimismo e cautela por líderes empresariais. Para executivos das 27 companhias com melhores desempenhos no país, mudanças já dão sinalização positiva. (Valor) 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou ontem uma medida provisória (MP) que visa tributar fundos exclusivos, os fundos dos chamados “super-ricos”, e um projeto de lei (PL) para tributar o capital de offshore e trusts, ou seja, os rendimentos de brasileiros que mantêm investimentos no exterior em paraísos fiscais. A expectativa é de arrecadar cerca de R$15 bilhões com os tributos. (Mover).

Ex-donos da Kabum ameaçam com ação e Magazine Luiza diz que vai revidar. O site de e-commerce de informática foi adquirido por R$3,4 bilhões em 2019; após demissão por justa causa de fundadores pela varejista, os ânimos se acirraram. (Estadão)

A Minerva fechou acordo de R$7,5 bilhões para adquirir determinadas unidades da Marfrig no Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, com pagamento de R$1,5 bilhão à vista e o restante previsto para o fechamento da transação, segundo comunicados das companhias na noite desta segunda-feira. (Mover)