Mercados caem antes de PIB dos EUA e decisão do BCE

Balanços, guerra e IPCA-15 podem mexer com o mercado

B3/Divulgação
B3/Divulgação

Por: Leandro Tavares

As bolsas internacionais operam em baixa nesta quinta-feira, com os investidores digerindo balanços trimestrais e a volta da preocupação com juros nos Estados Unidos, em dia de agenda econômica carregada ao redor do globo, com inflação no Brasil e Produto Interno Bruto (PIB) nos EUA e decisão de política monetária na Europa. 

No mercado de juros, a proximidade da decisão de política monetária nos EUA e dados recentes endossarem a percepção de resiliência na economia americana, fizeram os Treasuries dispararem ontem. Nesta manhã, os títulos de dez anos operam em baixa, no aguardo de mais um leilão do governo, às 14h, desta vez com vencimento de sete anos, no valor de US$38 bilhões.

No âmbito corporativo, a temporada de balanços do terceiro trimestre têm se mostrado difícil para as grandes companhias, em meio a um cenário desafiador na economia global. Ontem, a Meta, dona do Facebook e WhatsApp, e a IBM divulgaram resultados, enquanto hoje foi a vez de BNP Paribas, TotalEnergies, Volkswagen, Carrefour, Saab e Standard Chartered.

No Oriente Médio, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse ontem que o país está se preparando para uma invasão por terra na Faixa de Gaza, enquanto líderes mundiais alertam que a iniciativa pode afetar outros países da região.

Na Ásia, os mercados fecharam mistos, ainda reverberando os novos estímulos na China e a preocupação com a trajetória de juros nos EUA. Ontem, Pequim anunciou a emissão de US$137 bilhões em títulos do Tesouro no quarto trimestre.

No setor imobiliário chines, a Evergrande é mais uma a não cumprir o que havia acordado. De acordo com a Reuters, a imobiliária não apresentou documentos de defesa a um tribunal de Hong Kong antes do prazo que antecede a audiência de liquidação de ativos, marcada para o dia 30 de outubro. 

Na Europa, o grande destaque é a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), às 9h15, na qual a expectativa dos analistas é que a taxa de juros seja mantida em 4,5% ao ano, uma vez que os últimos indicadores atestam a fraqueza da atividade na zona do euro.

Às 9h45, a presidente do BCE, Christine Lagarde, fará um discurso para explicar a decisão da autoridade monetária sobre a taxa de juros. 

Nos EUA, a agenda está extremamente carregada, com a divulgação dos pedidos de bens duráveis em setembro, às 9h30, assim como a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que tem a previsão de alta de 2,5% no período.

No mesmo horário, ainda serão divulgados os dados semanais de seguro desemprego, com a estimativa de 200 mil novos pedidos, além de dados da balança comercial, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) de setembro, e a prévia do estoque do atacado do mês passado.

Às 11h, será a vez das vendas de casas pendentes, que tem consenso de uma queda de 1,8% em setembro, além de um discurso do governador do Fed, Christopher Waller. Às 12h, o Fed de Kansas divulga o índice de manufatura de outubro.

Do lado empresarial, os investidores aguardam os resultados do terceiro trimestre da Mastercard e da Merck&Co, antes da abertura do mercado. Mais tarde, depois do fechamento do pregão, será a vez da gigante do varejo Amazon, Intel e Ford, que têm consensos de lucro por ação, respectivamente, de US$0,58, US$0,22 e US$0,47. 

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga, às 9h, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que tem projeção de alta de 0,2% em outubro, além do índice de preços ao produtor. 

Dando continuidade a temporada de balanços, hoje será a vez de Hypera, Multiplan, Copasa, Suzano e Vale, depois do fechamento do pregão, e do relatório de produção da Petrobras do terceiro trimestre. 

Na Câmara, os deputados aprovaram ontem à noite a taxação de fundos offshores e exclusivos, considerado um dos principais itens do pacote do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para elevar a arrecadação e cumprir as metas fiscais.

Já o plenário do Senado aprovou, em votação simbólica, o substitutivo do PL que prorroga a desoneração da folha de pagamento de 17 setores até 31 de dezembro de 2027 e reduz a contribuição previdenciária de municípios brasileiros com menos de 142 mil habitantes de 22% para 8%. 

Ontem, o Ibovespa encerrou em baixa, em linha com o exterior, diante do cenário de aversão ao risco. No mercado de câmbio, o dólar fechou estável, de olho em pautas econômicas no Congresso. 

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MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em queda de 0,23%, 0,52% e 0,84%, respectivamente. 

O Índice Stoxx Europe 600 caía 0,64%, enquanto o índice alemão DAX tinha baixa de 1,15% e o britânico FTSE-100 caía 0,49%. Entre os setores, destaque para o segmento de tecnologia, que subia 1,42%. 

O dólar americano operava em alta em comparação aos pares. O DXY tinha elevação de 0,17%, aos 106,720 pontos. No geral, as moedas operam sem direção única, com destaque para o rand sulafricano, que caía 0,19%. 

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos, ou T-Notes, operavam em baixa de 0,08 pontos-base, a 4,949%.  

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong caiu 0,24%, enquanto Xangai Composto teve alta de 0,48%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, caiu 2,14%. 

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, subia 0,69% às 6h, cotado a US$119,59 por tonelada. 

O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em queda de 0,83%, a US$89,38 por barril.

O Bitcoin tinha alta de 1,05% nas últimas 24 horas, a US$34.454,00; o Ethereum subia 3,63% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir volátil, no aguardado de dados aqui e nos EUA e reverberando a aprovação de pautas econômicas. O índice tem suporte mínimo em 111.000 pontos e resistência máxima em 119.900 pontos, de acordo com o BB Investimentos.  

Câmbio: O dólar futuro deve abrir em baixa, de olho nas commodities e na expectativa por indicadores econômicos. 

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem operar voláteis. Os juros futuros nos EUA operam em baixa, à espera de novo leilão do governo e dados econômicos.  

DESTAQUES

A Meta superou as expectativas de receita e lucro para o terceiro trimestre, impulsionado por uma recuperação de receitas oriundas da publicidade digital, além de uma agressiva campanha para redução de custos, antes do período de compras natalinas. As receitas avançaram 23%, US$34,15 bilhões, e acima da projeção dos analistas, de US$33,56 bilhões. (Reuters)

A IBM reportou receita acima do consenso no terceiro trimestre, a US$14,8 bilhões, na esteira de uma demanda estável por suas soluções de software. Já o lucro líquido ajustado por ação foi a US$2,20, acima do projetado de US$2,13. A IBM também reiterou sua meta anual de crescimento de receitas e geração de fluxo de caixa livre. (Reuters)

O CEO da Pershing Square, Bill Ackman, que tradicionalmente investe no mercado acionário, lucrou cerca de US$200 milhões em sua aposta contra os títulos do Tesouro de 30 anos. Ackman já havia anunciado, na segunda-feira, que cobriu a posição vendida nos Treasuries de longo prazo, três meses depois de anunciar o trade.Segundo ele, há “muito risco” no mundo para permanecer vendido nos bonds. (Financial Times)

O sindicato da indústria automobilística nos EUA chegou a um acordo provisório com a Ford para encerrar a greve, após a empresa concordar com um aumento recorde de 25% no salário por hora durante a vigência do contrato. Com isso, o salário máximo será superior a US$40 por hora. (Bloomberg) 

O Morgan Stanley anunciou Ted Pick como novo CEO, sucedendo James Gorman após 14 anos no comando do banco. Pick assumirá o cargo em janeiro e fará parte do conselho, informou o banco em comunicado nesta quarta- feira . Gorman, 65 anos, permanecerá como presidente executivo. (Bloomberg)

Apoio de Bullrich e Macri a Millei racha oposição na Argentina. Parte da centro-direita se une a ultraliberal em frente antikirchnerismo, mas UCR diz que adesão é ‘inadmissível’. (O Globo) 

Veto de potências paralisa Conselho de Segurança. A proposta de resolução americana foi vetada por Pequim e Moscou, enquanto o documento apresentado pela Rússia nem sequer obteve a votação mínima necessária. (Valor) 

Por déficit zero, Tebet diz que ainda há ‘algumas medidas’. Ministra alerta, porém, que “não são muitas” que poderão ser anunciadas caso haja frustração das receitas previstas para 2024. (Valor) 

Acusada de ‘viciar’ crianças, Meta é processada por 41 Estados nos EUA. Desde 2021, a gigante da tecnologia está sendo investigada por abusos no Facebook e no Instagram em relação ao público infantil; empresa mudou práticas e nega acusações. (Estadão) 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu, ontem, a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano. Quem assume a posição no comando do banco público é o economista e servidor público, indicado pelo Centrão, Carlos Antônio Vieira Fernandes. Assim como a presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o banco e suas diretorias há meses têm sido alvo de cobiça pelo Centrão, grupo político que têm reivindicado cargos em troca de aumento de base parlamentar e apoio político às pautas do governo no Legislativo. (Mover)

A dívida pública federal atingiu R$6,08 trilhões em setembro, um recuo de 3,02% na comparação mensal, segundo dados reportados nesta quarta-feira pelo Tesouro Nacional. Do montante, R$5,834 trilhões correspondem à dívida mobiliária interna e R$241,8 bilhões à externa. No período, as emissões do Tesouro totalizaram R$79,70 bilhões e os resgates, R$323,90 bilhões, resultando no resgate líquido de R$244,20 bilhões referentes à dívida pública interna. (Mover)

(LT | Colaboração de Gabriel Ponte | Edição: Machado da Costa | Arte: Vinicius Martins | Comentários: equipemover@tc.com.br)