Lula volta a defender moeda comum para comércio internacional em fórum dos Brics

"Não podemos depender de um único país que tem o dólar", reclama

Joedson Alves/Agência Brasil
Joedson Alves/Agência Brasil

Por Simone Kafruni

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender a criação de uma moeda de referência alternativa ao dólar para transações comerciais internacionais. “Os bancos centrais podem fazer os acertos entre as moedas de cada país. Não podemos depender de um único país que tem o dólar”, disse, durante a live semanal Conversa com o presidente, transmitida direto da África do Sul, onde participa do Fórum dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

“Para que eu preciso de dólar para fazer negócio com a China? Agora, por exemplo, a Argentina está com dificuldades, sem poder comprar dólar. Haddad está conversando com a Argentina para ver se é possível ajudar o país com yuan”, revelou.

Segundo o presidente, os Brics não pretendem ser contraponto aos Estados Unidos ou ao G20 e ao G7, grupos das 20 e das sete maiores economias do mundo. “Queremos fortalecer e organizar o Sul Global”, destacou.

Para isso, o presidente defendeu a entrada de mais países no bloco. “Precisamos estabelecer procedimentos para que novos países entrem nos Brics”, disse. “Defendo que a Argentina possa entrar nos Brics, vamos ver na reunião como é que fica.”

Lula lembrou que o bloco reúne um terço da população mundial. “Se a Indonésia entrar, com mais 200 milhões de habitantes, seremos a metade”, ressaltou. “O mundo começa a perceber a importância dos Brics”, afirmou.

Lula também falou sobre as organizações internacionais, criticando a baixa representatividade do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e defendendo a volta da Organização Mundial do Comércio (OMC). “A ONU não decide mais nada, porque países que participam do conselho têm poder de veto”, disse.