Por Beatriz Lauerti
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou as indicações de Rodolfo Fróes e Rodrigo Monteiro feitas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para as diretorias de Política Monetária e de Fiscalização do Banco Central, respectivamente, segundo informações da colunista Ana Flor, do jornal “g1”, que integra o Grupo Globo.
Fróes, que entrará no lugar de Bruno Serra, é formado em Administração pela PUC do Rio de Janeiro, já trabalhou no Bank of America e fez parte do conselho do Banco Fator, que foi presidido pelo atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo.
Já Monteiro é um servidor de carreira do Banco Central e assumirá o posto de diretor de Fiscalização da autarquia, antes ocupado por Paulo Souza. Esse cargo não costuma ser conduzido por profissionais do mercado financeiro para evitar conflitos de interesses.
O anúncio oficial será feito após a viagem de Haddad e Lula à China, assim como a revelação do novo arcabouço fiscal. Os indicados ainda devem passar por sabatinas no Senado e precisam obter aprovação da Casa.
Rodolfo Fróes, escolhido para a diretoria de Política Monetária, deve ganhar destaque caso seu nome seja aprovado, já que a posição para a qual foi indicado possui relevância nos debates sobre a definição da Selic, no Copom, além de estar envolvido com o mercado e operações em dólar.
A escolha ocorre na véspera da decisão da taxa básica juros (Selic) no Brasil, que é tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa do mercado é que a taxa seja mantida em 13,75%, apesar das pressões baixistas diante da uma crise de crédito e de uma eventual política monetária menos agressiva em países desenvolvidos.
A estimativa é justificada pela desancoragem das expectativas de inflação e pela incerteza no Brasil, que aguarda a definição de um novo marco fiscal após a viagem do presidente Lula à China.
Na última terça-feira, em entrevista ao site Brasil 247, Lula afirmou que “vai continuar batendo e tentando brigar” para que a taxa de juros seja reduzida.
Além disso, na mesma entrevista o chefe do Executivo lamentou não poder demitir o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sem citá-lo nominalmente. “Eu não posso demitir porque isso depende muito do Senado”, disse. A fala pode ser explicada pela lei de autonomia do Banco do Central, aprovada no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que só permite a exoneração do presidente do BC com o apoio dos senadores.
Por outro lado, Campos Neto vem sofrendo pressão para cumprir a meta de inflação, definida em 3,25% para este ano pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).