Por Luca Boni e Fabricio Julião
O Ibovespa reverteu as perdas registradas pela manhã desta quata (5) e avançava, impulsionado pelas ações da Eletrobras e do Itaú. Investidores aguardam a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), às 15h00, nos Estados Unidos, enquanto acompanham, no Brasil, o andamento de pautas econômicas na Câmara dos Deputados, que ainda não avançaram como o esperado.
Por volta das 12h00, o Ibovespa avançava 0,37%, aos 119.516 pontos. O volume de negócios projetado para hoje é de R$15,7 bilhões, abaixo da média de 50 pregões.
Segundo o analista de investimento da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi, o Ibovespa “virou, em linha com a desaceleração das perdas nos índices americanos, à medida que os investidores calibram as expectativas para o FOMC”. “O mercado [também] se anima com falas de políticos, que tentam sustentar que nesta semana ainda serão votadas as pautas econômicas”, finalizou.
Investidores acompanham o imbróglio em torno do Projeto de Lei que restabelece o voto de qualidade em caso de empate no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que está travando a apreciação de outros temas econômicos, como o arcabouço fiscal.
Há pouco, em entrevista para a Globo News, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), disse que a perspectiva é de que a Reforma Tributária seja pautada ainda hoje e votada amanhã.
No mercado acionário, as ON da Eletrobras e as PN do Itaú subiam 2,08% e 0,73%, respectivamente, sendo as principais contribuidoras por pontos do Ibovespa.
As ON da PRIO avançavam 2,31% e também impulsionavam o índice. Ontem, a maior petroleira independente do Brasil divulgou sua prévia operacional, com recorde de produção de barris de óleo equivalente por dia (boed) em junho.
As ON da BRF, da IRB Brasil e da YDUQS ganhavam 6,15%, 4,92% e 4,81%, na mesma ordem, e figuravam entre as maiores altas percentuais do Ibovespa.
Na ponta oposta, as ON da Vale e as PN da Petrobras recuvam 1,00% e 1,23%, respectivamente, como os principais detratores que impediam a maior valorização do índice.
As PNA da Braskem e as ON da CVC cediam 2,59% e 2,56%, figurando entre as principais quedas percentuais.
Divulgados mais cedo pela S&P Global, os Índices de Gerentes de Compras (PMIs) de Serviços e Composto do Brasil vieram abaixo do consenso, embora ainda acima dos 50, indicando a expansão da atividade.
JUROS
As taxas dos contratos de juros futuros operavam sem direção definida, em meio às incertezas que rondam Brasília, com investidores de olho na agenda dos projetos econômicos da Câmara. Os vértices chegaram a operar em alta ao longo da manhã, mas passaram a rondar perto da estabilidade por volta das 11h00.
Por volta das 12h00, os DIs com vencimentos em Jan/24 e Jan/25 operavam em quedas de 1,0 ponto-base e 2,5 pbs, respectivamente, a 12,79% e 10,71%. Já as taxas dos contratos para Jan/27 e Jan/31 tinham alta de 1,0 ponto-base, a 10,12% e 10,65%.
Com o impasse em torno do PL do Carf, a análise de temas como a Reforma Tributária e o arcabouço fiscal deve ser postergada na Câmara. O cenário de indefinição traz um ambiente de cautela aos investidores e impulsionam os DIs.
Colaboram para a queda dos DIs da ponta curta as expectativas de corte de maior magnitude da Selic já na próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nos primeiros dias de agosto, após as revisões de expectativas do boletim Focus na última segunda-feira.
EXTERIOR
Em Nova York, os principais índices acionários operavam sem direção definida na volta do feriado, com investidores aguardando a divulgação da ata do FOMC. Agentes de mercado também repercutem a divulgação de dados fracos de atividade nas principais economias globais.
Perto das 12h00, o Dow Jones e o S&P500 recuavam 0,33%, 0,13% respectivamente, enquanto o Nasdaq 100 subia 0,43%. Os títulos do Tesouro americano de dez anos avançavam 2,7 pbs, a 3,888%, e os de dois anos — mais sensíveis à política monetária — subiam 1,4 pbs, a 4,919%.
Prevista para ser divulgada às 15h00, a ata do FOMC deve trazer detalhes sobre a estratégia do Federal Reserve de pausar as altas de juros nos EUA.
Derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange (CME) mostravam 86,2% de expectativas de uma alta de 0,25 ponto percentual dos juros americanos em 26 de julho. As apostas na manutenção das Fed Funds eram de 13,8%.
Mais cedo, também foram divulgados os PMIs de Serviços e Composto da China, Zona do Euro, Alemanha, França, Itália e Índia, que desaceleraram em junho e frustraram consensos. Os dados fizeram aumentar os receios de que a economia global está a caminho de uma recessão.
CÂMBIO
O dólar operava em alta frente ao real, em dia de valorização da moeda americana no mundo. Com dados mais fracos da atividade econômica na Europa e na China, investidores saem em busca de proteção, em razão da maior aversão ao risco.
Perto de 12h00, o dólar à vista subia 0,31% ante o real, a R$4,8562, enquanto o dólar futuro avançava 0,29%, a R$4,879.
Em uma cesta de 22 moedas acompanhada pela Mover, a moeda americana apreciava perante 19, perdendo força apenas para o peso mexicano, o dólar de Hong Kong e o iene japonês. O Índice DXY subia 0,16%, aos 103.244 pontos.
As incertezas acerca do andamento de pautas econômicas no Congresso brasileiro também afastam o investidor estrangeiro, como ocorreu na sessão de ontem, em que o dólar apreciou 0,69% frente ao real.