Ibovespa cai pós-feriado pressionado por Vale; dólar oscila e DIs caem de olho em política monetária

Confira a movimentação do mercado nesta sexta (8)

Divulgação/B3
Divulgação/B3

Por Luca Boni e Fabricio Julião

O Ibovespa seguia em queda, movimento em linha com a aversão ao risco que predomina no mercado, diante de dúvidas sobre o crescimento da economia global. A Vale era o destaque negativo, pressionada pela queda do minério de ferro e após as desvalorizações de ontem dos recibos de ações (ADRs, na sigla em inglês) negociados em Nova York.

Por volta das 12h10, o Ibovespa recuava 0,62%, aos 115.270 pontos. O índice caminhava para encerrar a semana com queda superior a 2%. O volume de negócios projetado para hoje é de R$13,5 bilhões, abaixo da média de 50 pregões.

Investidores ajustavam suas posições um dia após os mercados globais recuarem, após dados mistos nas economias dos Estados Unidos e China que resultaram, por um lado, no aumento de temores quanto a novas altas dos juros americanos e, por outro, em novas dúvidas se haverá concessão de mais incentivos econômicos no gigante asiático.

Entre as ações, as ON da Vale, da Suzano e da Ambev recuavam 2,19%, 3,17% e 1,07%, respectivamente, e eram as maiores detratoras em pontos do Ibovespa.

Os papéis de mineradoras e siderúrgicas caíam em bloco, refletindo a notícia de que Pequim anunciou aumento na fiscalização regulatória do mercado de minério de ferro para reduzir violações. A commodity engatou o segundo dia de queda consecutivo na Ásia. Na B3, o Índice de Materiais Básicos perdia 1,79% neste início de tarde e liderava as quedas entre os índices setoriais.

Entre as maiores quedas percentuais, as ON da Embraer, da Via e da Minerva cediam 4,53%, 3,33% e 3,32%, nesta ordem.

Na ponta oposta, em uma sessão até aqui predominantemente negativa, as PN do Itaú, do Bradesco e as ON da Equatorial subiam 0,71%, 0,90% e 1,07%, na sequência, e eram as maiores contribuidoras em pontos do índice.

As ON da Petz, da YDUQS e da Marfrig avançavam 2,21%, 1,92% e 1,37%, respectivamente, e eram as maiores altas percentuais do índice.

JUROS

As taxas dos contratos de juros futuros operavam em queda, com investidores de olho nas taxas terminais de juros nos Estados Unidos e na Europa. Investidores digerem ainda os sinais de crescimento menor no mundo, enquanto aguardam as próximas decisões do Federal Reserve neste ano.

Por aqui, perto das 12h, os DIs com vencimentos em jan/24 e jan/25 caíam 2,0 pbs e 6,0 pbs, respectivamente, a 12,35% e 10,56%. Já os vértices para jan/27 e jan/31 recuavam 5,0 pbs e 1,0 pb, na mesma ordem, a 10,48% e 11,31%.

Em dia de agenda esvaziada, investidores digerem os decepcionantes dados das economias da Europa e China, enquanto aguardam as decisões monetárias de setembro. Em 19 e 20, tanto o Banco Central do Brasil quanto o Federal Reserve, dos EUA, vão deliberar as novas taxas de juros de seus respectivos países.

Por aqui, o mercado precifica nova queda de 50 pontos-base na Selic, enquanto no país norte-americano a expectativa é de manutenção dos juros entre 5,25% e 5,50%. Investidores ainda divergem se o ciclo de altas nos EUA será encerrado ou se haverá nova elevação de 25 pbs na reunião do Fed de novembro – o que prejudicaria a atração de investimentos ao mercado brasileiro. 

EXTERIOR

Em Wall Street, os principais índices acionários operavam em alta, em movimento de ajuste, mas caminhavam para encerrar a semana com perdas, em meio ao aumento de preocupações de novas altas de juros pelo Federal Reserve até o fim do ano e de que as Fed Funds se mantenham em níveis elevados por mais tempo.

Perto das 12h10, o Dow Jones, o S&P500 e o Nasdaq 100 avançavam 0,32%, 0,38% e 0,18%, respectivamente. Os índices caminham para encerrar a semana em queda.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez e dois anos operavam próximos da estabilidade aos 4,232% e 4,951%, respectivamente.

Recentes indicadores divulgados nos EUA deixaram dúvidas sobre o espaço para um menor aperto monetário pelo Federal Reserve – eles apontam para uma atividade econômica resiliente, o que pode, potencialmente, se refletir na inflação.

As apostas para manutenção da taxa de juros americana entre 5,25% e 5,50% na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) deste mês ainda são ampla maioria. Para as reuniões do FOMC de novembro e dezembro, porém, as projeções para uma nova alta residual empatam com as chances de manutenção, segundo negociações de derivativos na Chicago Mercantile Exchange (CME) desta manhã.

No âmbito corporativo, as ações de empresas de tecnologia se recuperam do tombo do pregão de ontem em movimento de ajuste. O Índice de tecnologia (XLK) avançava 0,55%.

CÂMBIO

O dólar oscilava perto da estabilidade ante o real. A moeda americana cedia perante a maior parte de seus pares no exterior, apesar da cautela do mercado, em ajuste aos sucessivos avanços nas sessões anteriores. No entanto, a aversão ao risco que predomina no mundo tende a prejudicar mais as moedas de países emergentes, como o Brasil.

Por volta das 12h10, o dólar à vista subia 0,13%, a R$4,9842, enquanto o dólar futuro avançava 0,07%, a R$5,000. 

As taxas de câmbio no exterior também não apresentavam grandes variações, com investidores à espera de mais sinais sobre a atividade econômica global e a inflação, que irão ditar os rumos do aperto monetário global. 

No mesmo horário, o Índice DXY caía 0,17%, aos 104.663 pontos.