Haddad destaca harmonia entre Poderes como chave para Brasil recuperar grau de investimento

A Fitch elevou a expectativa para a economia brasileira para estável

Reuters News Brasil
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Por Reuters

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira que a harmonia entre Poderes é a saída para que o Brasil volte a ter grau de investimento, depois de destacar a melhora da nota do país pela Fitch.

Ao participar da abertura da coletiva de imprensa para apresentar uma nova proposta de cooperação federativa, Haddad acrescentou que o governo enviará junto com o Orçamento de 2024 o que chamou de “medidas saneadoras” para recuperar a base fiscal do Estado. A questão fiscal foi um dos pontos citados pela Fitch em seu anúncio.

Nesta quarta, a agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito soberano do Brasil a “BB”, de “BB-” antes, com perspectiva estável, e atribuiu a mudança a um desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado.

“A Fitch é a primeira das grandes agências que muda a nota (do Brasil). Eu sempre disse, continuo acreditando, que a harmonia entre os Poderes é a saída para que nós voltemos a obter grau de investimento”, afirmou Haddad. “Um país do tamanho do Brasil, não tem sentido não ter grau de investimento.”

Em sintonia com Haddad, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse em rede social que a elevação da nota do Brasil é importante para a economia do país e se deve ao fato de a política econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter “todo o apoio institucional” da Casa.

Em publicação na plataforma X, antigo Twitter, Lira também afirmou que a Casa apoia “todas as medidas de interesse do país”.

Também na plataforma X, a ministra do Orçamento e Planejamento, Simone Tebet, avaliou que a elevação da nota de crédito do Brasil pela Fitch indica que o governo está no rumo certo.

“É mais uma comprovação de que trabalhamos no rumo certo: retomada do crescimento com queda da inflação e responsabilidade fiscal”, escreveu.  

EFEITOS

Apesar da ação da Fitch nesta quarta-feira, o Brasil ainda precisa subir alguns degraus para recuperar o grau de investimento (investiment grade) nas principais agências globais de rating.  

Em relatório distribuído a clientes, o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, lembrou que neste momento a classificação do Brasil pela S&P coloca o país três degraus abaixo do grau de investimento. No caso da Fitch e da Moody’s, são dois degraus abaixo.

“Em nossa avaliação, subir as classificações e eventualmente recuperar o status de grau de investimento exigiria reformas e políticas macro, micro e regulatórias que apoiem o investimento e fomentem o crescimento da produtividade — ou seja, elevar o atual modesto potencial de crescimento real do PIB –, e estabilizar a dinâmica da dívida ainda ascendente”, escreveu Ramos.

Ao comentar o anúncio da Fitch, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que “isso vai significar menor taxa de juros para a dívida pública, vai significar mais espaço lá na frente para mais investimento público e mais crescimento econômico, tudo isso é muito positivo”.

No início da tarde desta quarta-feira, portanto, após a decisão da Fitch, as taxas dos contratos futuros de juros precificavam 68% de chances de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortar a taxa básica Selic em 0,50 ponto percentual na próxima semana. A probabilidade para corte de 0,25 ponto estava precificada em 32%. No mercado de câmbio, o dólar à vista cedia ante o real.