Por Marcio Aith, com informações da Reuters — atualizado às 18h32
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, telefonou no final da tarde desta segunda (14) ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para tentar conter efeitos de duras críticas feitas ao parlamentar em entrevista ao podcast do jornalista Reinaldo Azevedo veiculada nesta manhã.
Na entrevista, Haddad havia dito que troca farpas com Lira em “debates acalorados” e que o presidente da Câmara tem provocado “percalços” na articulação do governo. Além disso, o responsável pela equipe econômica argumentou que a Câmara está perto de humilhar o Senado e a Presidência da República durante as votações de projetos considerados prioritários para o governo, nos quais são necessários a liberação de bilhões de reais em emendas para fazer as propostas passarem.
“Não pensa você que está fácil. A Câmara está com um poder muito grande, e ela não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo”, disse Haddad. Segundo o ministro, o Brasil vive uma “coisa estranhíssima que é um parlamentarismo sem primeiro-ministro”. Ele questionou o montante de R$ 40 bilhões em emendas destinadas aos parlamentares, “[equivalente] a 0,4% do PIB (Produto Interno Bruto). Onde no mundo tem isso”?, comentou.
Sem mencionar Lira nesta parte da entrevista, Haddad disse: “Sabe o que é bom na democracia? É que a pessoa não vai ter esse poder para sempre. A instituição pode até ter, mas você não sabe na mão de quem ela vai estar daqui a dois anos, daqui a quatro anos, daqui a 10 anos”, completou, acrescentando não ter qualquer problema com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Pouco depois, no começo da tarde, o ministro Rui Costa, da Casa Civil, negou que qualquer conflito que esteja acontecendo nos bastidores da relação entre o governo e a Câmara dos Deputados.
TELEFONEMA
No final da tarde, Haddad telefonou ao presidente da Câmara para “esclarecer” suas declarações. “Minhas declarações não são uma crítica à atual Legislatura”, disse o ministro em entrevista a jornalistas na porta do Ministério da Fazenda.
O ministro afirmou que tem compartilhado com o Congresso o sucesso das medidas econômicas aprovadas no primeiro semestre, e garantiu que a recepção de Lira a seu esclarecimento foi “excelente”.