Por Stéfanie Rigamonti
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), disse que o governo espera nesta quarta-feira, quando o Banco Central do Brasil e dos Estados Unidos decidem a taxa básica de juros, que o BC brasileiro faça ao menos uma “sinalização clara” sobre o início do corte da Selic.
Apesar de a fala ter demonstrado uma recalibragem na expectativa do governo com relação a um corte da taxa de juros já neste mês, após o atraso na apresentação da nova âncora fiscal, o tom demonstra que o governo segue pressionando o BC com relação ao patamar dos juros no Brasil.
“A expectativa nossa é que o Banco Central persiga os seus quatro objetivos, que estão na lei do BC: estabilidade econômica, suavizar a flutuação da atividade econômica no país, fomentar o pleno emprego e efetividade do mercado financeiro”, disse Padilha. “É uma opinião não só do governo, mas de empresários, de economistas mais variados que é desproporcional a taxa de juros no país hoje. A gente precisa entrar em uma trajetória decrescente”, completou.
Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse em entrevista ao portal 247 que vai continuar “batendo” no Banco Central e “lutando” por uma redução da taxa básica de juros brasileira.
É consenso entre as casas de análise e gestoras que a taxa Selic deve ser mantida em 13,75% ao fim da reunião do Comitê de Política Monetária do BC, que tem previsão de terminar hoje às 18h00. As atenções recaem sobre o comunicado, ainda mais depois da frustração do mercado com o novo arcabouço fiscal, que não chegou antes do Copom, como fora prometido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
Sem a proposta de novas regras fiscais, ministros que antes defendiam a redução de juros já na reunião do Copom deste mês moderaram o tom. Hoje a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), disse durante entrevista à rádio Capital, do Mato Grosso do Sul, que, se o novo arcabouço fiscal ficar “bom”, a taxa Selic pode ser reduzida na próxima reunião de juros do BC, que acontece em maio.
Talvez como contrapartida à frustrada apresentação do arcabouço fiscal, ontem os dois nomes que serão indicados para ocupar duas diretorias do BC foram vazados pelo Planalto. Rodolfo Fróes para o posto de diretor de Política Monetária do Banco Central e de Rodrigo Monteiro para ser titular de Fiscalização, conforme reportagens dos jornais G1 e Folha de S.Paulo.
Padilha afirmou que os nomes só estão confirmados quando forem anunciados por Haddad ou pelo próprio presidente Lula.