Fed eleva juros americanos em 25 pontos-base e reconhece ligeiro recuo da inflação

O colegiado reconheceu no comunicado que a inflação diminuiu “um pouco” na economia americana

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Por: Gabriel Ponte e Felipe Corleta

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve elevou a taxa-alvo básica de juros americana nesta quarta-feira em 25 pontos-base, para o intervalo entre 4,50% e 4,75% – em linha com o consenso e ao maior nível em mais de 15 anos.

O colegiado reconheceu no comunicado que a inflação diminuiu “de alguma forma” na economia americana, embora permaneça elevada. O FOMC também manteve no documento a informação que enxerga serem apropriados “aumentos contínuos” dos juros, de forma que a taxa-alvo Fed Funds alcance nível “suficientemente restritivo” para que a inflação retorne à meta de 2,0% ao longo do tempo.

Esta foi a oitava alta consecutiva da taxa de juros americana desde o ano passado. Em dezembro, no entanto, o Fed já havia reduzido a magnitude da elevação, a 50 pontos-base, após quatro aumentos consecutivos de 75 pontos-base, distribuídos entre junho e novembro de 2022.

Com a alta anunciada hoje, este é o mais longo ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos desde a década de 1980, quando o Fed fabricou uma recessão para controlar a inflação no país.

A decisão do FOMC foi unânime. O presidente do Fed, Jerome Powell, deve explicar detalhes do parecer em coletiva de imprensa a partir das 16h30.

O FOMC também informou no comunicado que ao determinar a extensão das altas futuras dos juros, levará em consideração os efeitos cumulativos do ciclo de aperto, e a defasagem com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação, além dos desenvolvimentos econômicos e financeiros.

O FOMC também informou estar preparado para ajustar o ritmo de sua política monetária, caso surjam riscos que possam impedi-lo de alcançar seus objetivos. Sobre as condições econômicas, o comitê reconheceu que a taxa de desemprego permaneceu baixa nos últimos meses no país, e que os ganhos de emprego foram robustos.

Em outro ponto do comunicado, o FOMC informou estar “altamente atento” aos riscos inflacionários. O comitê retirou a menção a dados de saúde pública como ponto de atenção para determinar a política monetária futura.

A guerra no Leste europeu foi citada no documento como fator de incerteza para a economia global, alterando o comunicado anterior em que dizia que a guerra contribuía para pressões de inflação. Ainda segundo o FOMC, os indicadores recentes de consumo e produção apontam para crescimento modesto.

REAÇÃO DOS MERCADOS

O desempenho dos principais índices de ações nos EUA operavam instáveis. Às 16h20, Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 recuavam 0,95% e 0,61% e 0,34%, respectivamente.

No mesmo horário, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dois anos – mais sensíveis à política monetária – ganhavam 3,1 pontos-base, a 4,234%. Já os yields dos Treasuries de dez anos recuavam 2,6 pontos-base, a 3,486%.

Também por volta das 16h20, o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante uma cesta de divisas pares, recuava 0,31%, aos 101,75 pontos.

Após a decisão do FOMC, investidores projetavam 88,3% de chances de que o Fed eleve os juros em 25 pontos-base na decisão de março, para o intervalo entre 4,75% e 5,0%. Outros 52,3% projetavam que o Fed deverá interromper o ciclo de alta dos juros no nível atual. Os dados são da Chicago Mercantile Exchange.