Por Gabriel Pontes
O Federal Reserve deverá elevar os juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual na decisão desta quarta-feira (24), maior nível em mais de duas décadas, e deixar em aberto os caminhos para a política monetária ao longo do segundo semestre deste ano, diante de um cenário de incertezas envolvendo a trajetória da inflação na economia americana.
Se confirmado, um aperto de 0,25 pp, para o intervalo entre 5,25% e 5,50%, levaria os juros americanos ao maior nível desde 2001. A reunião de dois dias para decidir o futuro da política monetária começa nesta terça-feira, seguida pela divulgação da nova taxa de juros e pela entrevista do presidente do Fed, Jerome Powell, na quarta-feira.
“O alívio, de forma geral, nos preços mostra que a inflação tem recuado, embora o núcleo permaneça alto, não desacelerando rápido o suficiente para que o Fed declare vitória”, disse, em relatório, o estrategista-chefe global da LPL Financial, Quincy Krosby. Em sua leitura, uma alta de 0,25 pp já está contratada para julho, e um aperto adicional nos próximos meses dependerá da trajetória do núcleo de preços.
Para a reunião desta semana, quase a totalidade dos investidores projetam que o Fed elevaria os juros em 0,25 pp. Na sequência, em setembro, a maioria (83,1%) aposta na manutenção dos juros. Já em novembro, os operadores se dividem mais sobre os possíveis rumos da decisão, de acordo com derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange (CME).
Em relatório, os analistas do Bank of America, liderados por Michael Gapen, preveem que o comunicado da decisão desta semana manterá o viés de alta já existente para os juros em sua estrutura de comunicação. “Não acreditamos que o Fed esteja pronto para sinalizar que encerrou seu ciclo de aperto.”
Sobre a coletiva de Powell, o BofA entende que o presidente do Fed optará pela “máxima opcionalidade” em suas declarações e deixará o caminho em aberto para o segundo semestre. “Entendemos que o Fed não quer ser taxado sobre sua política monetária. Esperamos que Powell aponte que uma alta adicional, caso ocorra, permanecerá dependente de dados.”
Na reunião de junho, Powell e as autoridades do banco central indicaram planos de prosseguir com o aperto monetário, embora sob menor ritmo, à medida que a taxa básica de juros se aproxima de um nível considerado “suficientemente restritivo” para que a inflação retorne à meta média perseguida, de 2,0%.
No relatório de projeções conhecido como “Dot-Plot” de junho, a mediana das estimativas dos dirigentes do Fed para o nível terminal dos juros em 2023 avançou a 5,6%, ante de 5,1% em março, sugerindo mais duas altas adicionais de 0,25 pp ao longo das reuniões seguintes.
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