Por Fabricio Julião
O dólar e as taxas de contratos dos juros futuros subiram acentuadamente nesta segunda-feira (14). O primeiro dia da semana ficou marcado pelo sentimento de aversão ao risco no mercado global, com receios dilatados sobre o nível da atividade econômica chinesa. Ao fim da sessão, o dólar à vista subiu 1,26% ante o real, a R$4,9662.
A valorização da moeda americana é caracterizada pela busca por proteção dos investidores, o que impacta sobremaneira países emergentes. Em uma cesta de 22 moedas acompanhadas pela Mover, o dólar apreciava frente a 20 – apenas a lira turca e o rial saudita ganhavam terreno. O real depreciava frente a 21 – ganhava apenas do peso argentino.
“O dólar apresentou uma valorização global hoje, mas esse movimento é particularmente sentido entre os países emergentes, como o Brasil. A incerteza relacionada às dificuldades no setor imobiliário chinês está tendo um impacto visível tanto na bolsa de valores, quanto no câmbio”, afirmou o head de câmbio da B&T, Diego Costa, citando a dependência de compras de matérias-primas como aço e ferro do país. “Ao fim do dia, os dados sobre a produção industrial e as vendas no varejo na China serão cruciais para avaliar a saúde econômica por lá.”
Na Argentina, o banco central elevou a taxa de juros do país em 21 pontos percentuais, a 118%. A autoridade monetária destacou no comunicado que a decisão ocorreu “em linha com a recalibração do nível da taxa de câmbio oficial”, que foi fixada em 350 por dólar até a eleição geral de outubro. Segundo fontes à Reuters, o peso argentino informal chegou a ser negociado a 675 por dólar nesta segunda.
Por aqui, investidores digeriram logo cedo a divulgação do IBC-Br de junho, que apontou crescimento de 0,63% da economia em comparação com o mês anterior, em linha com as expectativas de mercado. Segundo o especialista em renda fixa da Quantzed Ricardo Jorge, a “prévia do PIB” não trouxe oscilações ao mercado, que se atentou mais ao cenário internacional.
Os DIs com vencimentos em jan/24 e jan/25 fecharam em alta de 2,0 pontos-base e 10,5 pbs, respectivamente, a 12,46% e 10,45%. Já os vértices para jan/27 e jan/31 subiram 17,0 pbs e 15,0 pbs, respectivamente, a 10,16% e 11,00%.
“Nossa curva de juros segue abrindo [com juros longos mais altos], refletindo o clima de aversão à risco dos investidores, principalmente por conta da alta das treasuries nos EUA nos últimos dias”, afirmou o head de renda variável da A7 Capital, André Fernandes. “A grande dúvida deste momento é se o Federal Reserve vai realmente parar de subir juros em 2023, pois, caso contrário, o diferencial de juros entre Brasil e EUA deve cair de forma mais rápida do que o mercado esperava.”